CASA DE FERREIRO, ESPETO DE PAU

Toda casa de avó cheira a bolo de fubá quentinho, mas a minha é uma exceção. De vez em quando, ela prepara um ''Bauru de Batatas'', mas não é muito gostoso. Mas o foco da crônica de hoje é a casa da minha avó. Costumo dizer que minha avó é uma sobrevivente. A casa é antiga e já não está lá grande coisa. Desde que me entendo por gente, minha avó diz que vai se mudar. Quer dizer, ela diz que meu tio está procurando uma casa para que eles possam se mudar. E detalhe: meu tio tem uma empresa de Mudanças e Guarda-Móveis. É como diz o ditado: ''Casa de ferreiro, espeto de pau.''

Ontem, minha mãe e eu fomos visitá-la. A casa está tão cheia de móveis que não há mais espaço (os móveis foram comprados para casa nova). Tivemos que nos sentar na cama. Ao sentar na cama senti a poeira levantando. Poeira que atacou a alergia da minha mãe. Tinha me esquecido que há meses a diarista não visitava a casa da minha avó. Bom, mas pelo menos as roupas estavam lavadas, a nova namorada do meu tio já tinha lavado e passado. Quando meu tio arruma namorada a casa agradece.

A nossa visita durou uns 30 minutos. Tempo recorde. A casa da minha avó sufoca qualquer indivíduo. Não sei se minha avó e meu tio gostam de morar lá, só sei que minha avó acredita que vai mudar e meu tio finge que está comprando. Tudo na casa é provisório. Tão provisório que acabou se tornando definitivo.

Sarah Marques
Enviado por Sarah Marques em 05/05/2014
Código do texto: T4795230
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