O Velho Eu que resulta em Mim
Ontem acordei com uma vontade grande de só por um dia deixar de ser eu.
Explico: o meu projeto exigiria uma mudança radical de pequenos hábitos que julgo terem o poder de causar um extremo mal estar a longo prazo.
Comecei trocando uma hora de sono por uma corrida matinal e provei algo que só posso descrever como LUCIDEZ absoluta. Era como se o atleta chutasse o sonâmbulo e eu pudesse finalmente perceber que no meu dia-a-dia, mesmo acordado continuo dormindo.
Depois, antes de ir trabalhar, dei um longo abraço e um beijo de namorado na esposa que me olhou com surpresa, já esperando o carinho apressado de quem já acorda atrasado.
Durante o dia, tratei de evitar ao máximo pequenas mentiras, julgamentos apressados, preconceito e toda serie de pensamentos nocivos que viram herva daninha no quintal dos outros.
Ao fim do dia ao chegar em casa, após um belo banho, jantei prestando atenção apenas ao ato de mastigar.
Descobri que quando os olhos não estão na tv ou na preocupação do dia seguinte, o sabor se maximiza na comida. Depois troquei o jornal da onze da noite pela leitura de um livro que comprara há meses e nunca tinha lido e mesmo esgotado, fiz as minhas meditações. Resultado: cai no sono tranqüilo, dormindo tão bem que resolvi repetir a experiência no dia seguinte.
Quem disse que consegui...
Não tive o mesmo pique do dia anterior e voltei a ser o “velho eu” que resulta sempre em mim; mas não desisto, ainda terei mais uma chance amanha de mudar e aproximar mais ainda a distancia da versão cansada de mim do cara que fui ontem e que quero tanto tornar a ser.