Todo aquele frisson
De repente eu me vi cercado por adolescentes, principalmente meninas, que esperavam ansiosamente na frente de um hotel. Resolvi parar e tentar descobrir quem era a estrela que deveria passar por ali. Situações assim não são raras, pois o prédio em que trabalho abriga um dos hotéis mais chiques da capital. Era nele que se hospedava o Hugo Chávez quando vinha à Brasília, embora não me conste que algum dia tenha havido um grupo de adolescentes histéricas à sua espera.
Digo histéricas porque não demorou até que começassem a gritar escandalosamente na direção do saguão do hotel, o que me levou a concluir que a estrela, fosse quem fosse, já estava lá dentro e provavelmente se preparava para sair. Estiquei os olhos na tentativa de identificar o responsável por todo aquele frisson, mas o problema é que eu estava longe demais para enxergar alguma coisa. Prestei atenção então ao grito das meninas. Por um momento eu achei que tivesse ouvido Adele. Será que é a Adele quem está aqui? Mas logo o nome gritado já me parecia Nelly ou algo do tipo. A única Nelly que me ocorria era a Furtado, que é brasileira e, portanto, incapaz de causar tamanha comoção.
Dali a pouco os gritos se tornaram mais agudos e um vulto entrou na van que, estrategicamente, se posicionava logo na porta do hotel. Abriu-se um espaço, o motorista arrancou, a van passou bem ao meu lado e eu enfim descobri de quem se tratava.
Isto é, mais ou menos. Vi que era uma mulher, mas eu não me lembrava de já tê-la visto alguma vez. Ando meio desatualizado em termos de show biz. Foi preciso que eu entrasse no Google para pesquisar quem é que estava fazendo show em Brasília naquele dia. Pois era a Demi Lovato, aquela famosa cantora voltada para o público teen e que eu, na minha caretice, jamais havia ouvido falar. Estive pertinho dela sem ter a menor ideia de quem fosse. Mas justiça seja feita: a Demi Lovato também não fazia a menor ideia de quem a observava.
E pior: ela nem irá jogar no Google.