O figado - dores e dissabores

O fígado é a maior glândula do corpo humano e o único que tem inteligência, pois quando seu dono exagera no álcool, ele reclama. E quando reclama, é porque está de saco cheio das loucuras do cabeça de vento.

Quando alguém diz que vai comer o fígado do inimigo, não sabe o que está falando, pois ignora o quanto fígado humano é ruim, principalmente aquele que está temperado com jurubeba ou outras raízes vendidas nesses bares da vida.

Dizem que o ex-presidente da República Jânio Quadros era dado a uns ‘rabos de galo’ (cachaça com raiz amarga) e foi quem sugeriu à indústria farmacêutica brasileira a desenvolver um medicamento para ‘proteger’ o fígado e assim poder aumentar as doses. E o resultado da ‘proteção’ foi o decreto proibindo brigas de galo.

O então ministro da Fazenda (1974 a 1979) Mario Henrique Simonsen fazia parte do rol dos que adoravam copos cheios. E a cada nova segunda-feira o Brasil era surpreendido com mais impostos e tributos. Todos os jornalistas da época sabiam que o resultado de tanta ira era o fígado do ministro encharcado de whisky.

O ex-presidente Lula também não tem o fígado 100% e não precisa perder tempo em explicar detalhas. Até comentam que a cada nova consulta médica que ele se submete seus opositores ficam torcendo para que ele necessite de um transplante de fígado. Eles não relutariam em socorrê-lo. Com um fígado envenenado, claro.

Todo o bêbado que se preze tem em sua casa um pé de gervão, uma erva (dizem) que tem em suas folhas propriedades medicinais para aliviar as dores no fígado. Ao saber disso, Lula pediu ao jardineiro do Palácio da Alvorada, morada oficial dos presidentes, para plantar algumas mudas da erva. Mas o tal jardineiro também era dado aos goles e não deixava a planta se desenvolver. De certa feita, em um domingo à noite, Lula pediu chá de erva milagrosa. O jardineiro alegou que não tinha, pois todos os seus ministros - com exceção do da Saúde, levavam folhas para casa.

Lula ficou na dúvida se demitia seus ministros ou o jardineiro. Optou pelo mais fraco que, dois anos depois, desempregado e desacreditado pela história que contava, morreu de cirrose.

Se Lula dizia não saber de certas coisas que aconteceram no seu governo, deve ter razão. Ele queria saber era como desintoxicar seu fígado.