SÁBIOS E DONOS DA VERDADE - A SABEDORIA DO NADA
Como bem disse Cascione (*), “agora a humanidade tem cada vez menos conhecimento de tudo, e cada vez mais conhecimento de nada”.
Ele fez esta alusão ao comentar em uma de suas crônicas, que andava “abestalhado ao ver as convicções inabaláveis de sábios e filósofos espalhados por toda a parte prontos a sustentar opiniões edificadas sobre bolhas de sabão, em cima de alicerces de espuma, fincadas na areia movediça de um conhecimento meia boca sobre todas as coisas”.
Juntem-se a isso os donos da verdade, intransigentes e radicais que sustentam suas opiniões “concretas e verdadeiras” (segundo eles), recusando-se a aceitar qualquer opinião divergente, o que poderia levar a uma verdade mais elevada. Não enxergam um palmo à frente dos seus narizes, além daquilo do qual se sentem plenamente convencidos. Gente assim, por vezes, acaba neutralizando sua própria inteligência, que poderia ser útil para muitas coisas boas.
Sábios, filósofos e donos da verdade são raças em constante desenvolvimento neste nosso mundo dito moderno. Fico pensando o que Sócrates, Platão, Aristóteles, Nietzsche, Epícuro e outros pensadores lá de trás diriam disso se tivessem a possibilidade de manifestar-se de seus túmulos. E também, a nível de língua portuguesa, um Fernando Pessoa, um Drummond, um Pondé, uma Cecília, um Chico...
Em tempos não tão remotos assim, as pessoas só se manifestavam através da fala ao terem certeza daquilo que diriam. “Ninguém ditava regra sobre coisa nenhuma sem ter absoluto conhecimento de causa”, reforça Cascione.
As televisões abertas (e algumas por assinatura) estão aí como prova fidedigna do que tento aqui dizer, ao transmitir verdadeiras aberrações que contam com grande audiência. Um parêntese: a TV Cultura (aberta) e a Globo News (por assinatura) são exemplos de emissoras que acreditam existir pessoas inteligentes por trás das telinhas. A Cultura tem no seu “Jornal da Cultura”, às 21h, o melhor telejornal da TV aberta, longe da mesmice dos demais. Um jornal informativo e opinativo de verdade. E a Globo News, em minha opinião, leva ao ar aos domingos à noite o programa mais inteligente da TV brasileira, o Manhattan Connection, capitaneado pelo excelente jornalista Lucas Mendes. Ambos, porém, nem chegam perto da audiência de um Faustão.
Mas, por que existem tantos sábios, filósofos e donos da verdade circulando impunemente por aí? Simples: tem público, muito público para eles. Se não fosse assim, não teríamos tanta gente metida a inteligente, pois, além de tudo, eles sabem que não serão contestados e molestados por aqueles que sabem ainda menos do que eles, ou que não são espertos e inteligentes o suficiente para perceberem tantas bobagens e invenções.
É como citei no início deste texto: “agora a humanidade tem cada vez menos conhecimento de tudo, e cada vez mais conhecimento de nada”. E assim caminha o mundo moderno. Salve os espertos!
(*) Vicente Cascione é advogado e escritor.
Ele fez esta alusão ao comentar em uma de suas crônicas, que andava “abestalhado ao ver as convicções inabaláveis de sábios e filósofos espalhados por toda a parte prontos a sustentar opiniões edificadas sobre bolhas de sabão, em cima de alicerces de espuma, fincadas na areia movediça de um conhecimento meia boca sobre todas as coisas”.
Juntem-se a isso os donos da verdade, intransigentes e radicais que sustentam suas opiniões “concretas e verdadeiras” (segundo eles), recusando-se a aceitar qualquer opinião divergente, o que poderia levar a uma verdade mais elevada. Não enxergam um palmo à frente dos seus narizes, além daquilo do qual se sentem plenamente convencidos. Gente assim, por vezes, acaba neutralizando sua própria inteligência, que poderia ser útil para muitas coisas boas.
Sábios, filósofos e donos da verdade são raças em constante desenvolvimento neste nosso mundo dito moderno. Fico pensando o que Sócrates, Platão, Aristóteles, Nietzsche, Epícuro e outros pensadores lá de trás diriam disso se tivessem a possibilidade de manifestar-se de seus túmulos. E também, a nível de língua portuguesa, um Fernando Pessoa, um Drummond, um Pondé, uma Cecília, um Chico...
Em tempos não tão remotos assim, as pessoas só se manifestavam através da fala ao terem certeza daquilo que diriam. “Ninguém ditava regra sobre coisa nenhuma sem ter absoluto conhecimento de causa”, reforça Cascione.
As televisões abertas (e algumas por assinatura) estão aí como prova fidedigna do que tento aqui dizer, ao transmitir verdadeiras aberrações que contam com grande audiência. Um parêntese: a TV Cultura (aberta) e a Globo News (por assinatura) são exemplos de emissoras que acreditam existir pessoas inteligentes por trás das telinhas. A Cultura tem no seu “Jornal da Cultura”, às 21h, o melhor telejornal da TV aberta, longe da mesmice dos demais. Um jornal informativo e opinativo de verdade. E a Globo News, em minha opinião, leva ao ar aos domingos à noite o programa mais inteligente da TV brasileira, o Manhattan Connection, capitaneado pelo excelente jornalista Lucas Mendes. Ambos, porém, nem chegam perto da audiência de um Faustão.
Mas, por que existem tantos sábios, filósofos e donos da verdade circulando impunemente por aí? Simples: tem público, muito público para eles. Se não fosse assim, não teríamos tanta gente metida a inteligente, pois, além de tudo, eles sabem que não serão contestados e molestados por aqueles que sabem ainda menos do que eles, ou que não são espertos e inteligentes o suficiente para perceberem tantas bobagens e invenções.
É como citei no início deste texto: “agora a humanidade tem cada vez menos conhecimento de tudo, e cada vez mais conhecimento de nada”. E assim caminha o mundo moderno. Salve os espertos!
(*) Vicente Cascione é advogado e escritor.
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