As regras do vovô

Quase todo fim de semana a família se reunia no sítio do Vô Tonho. E sempre era a mesma coisa, antes das quatro da manhã o vô já estava de pé. Ia pra cozinha fazia o café e as quatro em ponto se a família não estivesse acordada, lá ia vô Tonho com um tacho na mão e a colher de pau no outro batendo até todos estarem a mesa.

- Cambada de preguiçoso! Acorda! O dia já está raiando, não é hora de estar na cama.

E não adiantava reclamar. Sistemático ele não aceitava desculpas, lá na roça tudo tinha que ser do seu jeito.

Quatro e meia com rádio ligado num programa de música caipira ele já colocava todos trabalhando. E aí de quem não o obedecesse.

- Nessa família não admito preguiça. Isso não corre nas nossas veias. Trabalho é o que dignifica o homem.

Todos, até mesmo as visitas, ele colocava na lida. O melhor é que o próprio vô Tonho não pegava no pesado. Ficava assentado na varanda com o cigarrinho de palha observando e colocando defeito em tudo. Às vezes andava perto dos outros reclamando do serviço alheio. Nada era bom pra ele.

Depois do almoço era de praxe o vô Tonho sumir. Mas todo mundo já sabia que ele estava era dormindo. Aí era hora da família desabafar sempre o mesmo assunto:

- O vô Tonho é assim, acorda cedo só pra criticar quem não acorda e depois dorme a tarde inteira.