Banana significa ação?
Dani Alves, ante a - agora famosa - demonstração de racismo (mais uma... a mais recente de dezenas que sofreu) reagiu com criatividade e inteligência. Teria sido ótimo se tivesse acabado assim: o ataque de ignorância revidado com um gol de letra pelo atleta e no dia seguinte, manchete em diversos jornais e revistas.
Mas foi só Neymar, Luciano Huck e outros famosos, em forma de apoio a Alves, criarem fotos com bananas e o negócio virou febre! Todo mundo na Internet resolveu fazer o mesmo! E cada vez que vejo foto de um sujeito posando com a fruta, me vem a pergunta: será mesmo uma atitude contra o racismo ou somente uma maneira de mostrar que está antenado, na moda e é moderno? A resposta, meus caros, não é tão difícil de se obter. Basta analisar o "currículo" do autor do selfie-banana. Se não a conhecermos, o perfil da pessoa nas redes sociais nos dá uma boa dica. O que mais ele / ela já tinha feito no passado, em termos de ações concretas contra o racismo? Que providências para ajudar a diminuir a desigualdade? Ah, tem piadinhas preconceituosas sobre gays, loiras, obesos(as), mendigos no perfil dele(a)? Contradição também é uma forma de piada! Até engraçada a princípio, mas depois fica triste.
Quantas fotos iguais você viu por aí? Quantas pessoas fizeram igual, não pela preocupação de formarem uma unidade, um grupo com o mesmo pensamento, mas porque a falta de criatividade os impediu de elaborar conteúdo mais interessante? E olha que Dani Alves nem precisava de tudo isso. Nem dos famosos! Ele próprio já tinha resolvido a situação com uma cartada de mestre.
Dezenas de pessoas publicaram a maldita foto com o slogan "somos todos macacos" e quando as vejo me vem à cabeça a imagem de um macaco muito triste, à mesa, afastando uma nota de cem, um moderníssimo celular e pensando: "não... eu não sou humano. E quem eles pensam que são para se denominarem macacos?".
Bom, posso estar errado! Quem sabe nos próximos dias, o povo todo da festa das fotos das bananas ensinando DE VERDADE as crianças (várias! não só as da família) sobre o amor ao próximo, a igualdade, atuando voluntariamente em entidades filantrópicas, engajando-se de corpo e alma em causas sociais, permitindo que seus filhos(as) brancos tenham amizade, namorem e se casem com negros(as). E ver, talvez, mais negros de origem pobre tornando-se médicos e brancos de família abastada trabalhando como garis para, no futuro, vermos fotos de brancos e negros juntos, lutando por seus direitos, nas fotos de greves nos jornais. Quem sabe a atitude das bananas não seja o tiro inicial para um país mais justo? (...) Não é mesmo?