O INEVITÁVEL.
Quem ainda não se colocou no centro da aridez do deserto que pode ser a própria vida?
Quem ainda não parou um instante sequer questionando sobre sua segurança?
Quem não se perguntou sobre sua vasta insegurança que procura a segurança?
Quem não criou mitos, deuses e crenças como salvação de suas fragilidades?
Quem não procura a paz das certezas na enciclopédia de suas incertezas?
Só uma palavra é capaz de sintetizar toda essa saga de procura por segurança, só um vocábulo pode pacificar toda essa contenda interior, essa luta para alcançar fora de nós o impossível, seu nome é aceitação.
Só se encontra segurança diante das imprevisibilidades quando a segurança não é procurada, mas pelo processo de aceitar o que reserva a vida para cada um de nós, simplesmente aceitar o decurso da vida e suas ocorrências.
Só se encontra paz na guerra que vence a certeza da incerteza, e aceita esta como verdade absoluta superando a ausência de previsibilidade que se esfumaça na aura dos oráculos vazios quando se aceita a inevitabilidade.
É preciso uma doação de si mesmo no processo da aceitação, seria como um despojamento do monge no recolhimento monástico, um sim à inevitabilidade.
Somos a aceitação da entrega, a energia que passa pela vida sem a indiferença inconsciente da vida passar por você.