Italianos do Quiririm

Mas até aqui teve colônia de imigrantes! É o primeiro pensamento que me surge quando ouço falar na imigração italiana em Taubaté, no Vale do Paraíba. Conheço vagamente a história da cidade e sei que, antes de quaisquer outros, quem primeiro a habitou foram os índios – como, de resto, foram eles a habitar qualquer coisa no Brasil. Mas já não há mais índios em Taubaté, apenas os Indiani, uma dessas famílias vindas da Itália que se estabeleceram no distrito de Quiririm.

É justamente pela antiga casa desta família, transformada em Museu da Imigração Italiana, que hoje caminho e tomo conhecimento da história desses colonos. Infelizmente, o museu não pode expor o sr. José Indiani, um velhinho que nasceu naquela casa e sabe a história do Quiririm como ninguém. Sabe, por exemplo, quem foi o verdadeiro responsável pela estagnação do lugar.

Trata-se de um frei austríaco que, durante a Primeira Guerra, comemorava em plena igreja os ataques do seu país à Itália. Os italianos do Quiririm respondiam da mesma maneira, mas chegou o dia em que a disputa se tornou insustentável e alguns colonos decidiram matar o frei. Este, para escapar, correu para a estação de trem, não sem antes lançar a praga de que o Quiririm seria para sempre uma coisa minúscula em que nada iria para frente, que os moradores iriam morrer de doença contagiosa e que brigas por posses de terra colocariam famílias contra famílias. E o sr. José Indiani está de prova que tudo isso aconteceu, embora ache que hoje em dia a praga foi tirada e não vale mais.

Talvez também por culpa do frei é que, anos mais tarde, a estrada de ferro Central do Brasil, tão necessária para o desenvolvimento local, foi desviada para longe do Quiririm. A estação local foi demolida e há alguns anos ergueu-se outra, onde hoje funciona um restaurante.

E, a julgar pelas 30 toneladas de massa previstas para a festa que se inicia hoje, a culinária italiana ainda é bem mais atraente do que qualquer história de imigração.

milkau
Enviado por milkau em 29/04/2014
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