Onde foi Parar Aquele Menino?
" Há um Menino!
Há um Moleque!
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem prá me dar a mão..."
(Milton escreveu e o 14 Bis imortalizou em melodia)
Muitas são as ocasiões em que a vida do adulto que eu me tornei se transforma numa obrigação tão grande que o auto-boicote se aproxima com as belas praias do enfarte ou as 72 virgens do sumir no mundo e deixar tudo para trás. Nessas horas, procuro o guri que eu fui e ele sempre me faz ver a Poliana num mundo tão
Nesferatu.
Chamo o moleque pois sei que ele é mais forte que eu e sabe como lidar com esses eternos momentos de crises que parecem querer ficar para sempre. Ele, quando o acho, vem com esse olhar de primeira vez, enxergando a mágica que já não consigo ver e só exige um pagamento: brincar!
" Para Freud era ser senhor de si,
Para Winnicott Separar-se,
Para Lacan Simbolizar,
Para Klein,Tudo!
Para Bion, sonhar
Para Ferenczi, contar
Para Macunaíma, transar
Para mim...
Não sei o que é, mas vou brincar"
Celso Gutfreund
Dai, deixo o menino brincar; fazer piada de tudo o que é " tão sério"; correr pela casa e tirar tudo do lugar. Com isso, ele me ajuda a desconstruir esse mundo tão cheio de importâncias vazias que se espalham pela nossa agenda como se fossem vitais. Não são!
Vital é o que é necessário a vida, o que nos tira o sono é antítese disso.
Quando eu reacendo a fogueira da criança em mim no meu coração, não estou alimentando a infantilização do meu ser adulto; estou apenas lembrando a mim mesmo, que é na simplicidade, no amor e na alegria que reside o segredo de viver bem a vida.
" Bebe
da alegria da existência,
O amor é sua resistência
Às neblinas da ilusão"
A Primeira Lição
Gê Marques - Reino do Sol