Adeus, Pacaembu
Existe alguma questão ética sobre torcer pelos times de futebol de onde você vive. Nunca compreendi e continuarei sem compreender o motivo por trás deste preceito.
Sou Pernambucano, mas sempre torci pelo Sport Clube Corinthians Paulista. Alguns se exaltam, quando apontam o aparente erro na minha conduta. “Você é Pernambucano, tem que valorizar o que é daqui!”, dizem em conjunto. “O paulista não te dá valor, te trata mal, e você vai torcer pro time deles?!”, comentam.
Entretanto, me foge a conexão entre tais argumentos e o que eu sinto pelo meu Corinthians. Primeiro, antes de sermos pernambucanos ou paulistas, somos todos brasileiros. Como brasileiros, temos o sagrado direito de gozar de nossa rica cultura como acharmos conveniente.
No caso, não acho conveniente torcer por Náutico, Sport ou Sete de Setembro, sendo os dois primeiros times do Recife e o último o time da minha cidade, que apenas disputa a segunda divisão do Estadual no ano. Torço, entretanto, pelo Santa Cruz, por seu sucesso e suas vitórias e, especialmente, que regresse à elite do futebol brasileiro, como merece.
Entretanto, nada tira de mim a paixão que tenho pelo Corinthians. Uma paixão difícil de explicar e, imagino que, mais difícil ainda de entender. Mas é em virtude desta mesma paixão que sinto, hoje, certo vazio.
Ontem, dia 27 de abril de 2014, o Corinthians realizou, possivelmente, sua última partida no estádio do Pacaembu. A depender de alguns resultados futuros, e da definição sobre como ficará o novo estádio “Itaquerão”, a equipe do Parque São Jorge não voltará mais para o Pacaembu.
Então, a vitória de ontem pode ter sido um adeus. Para mim, um adeus para algo que eu nunca tive a oportunidade de conhecer. Nunca me sentei nas numeradas, nem fui para o tobogã. Nunca agitei os bandeirões. Nunca tive a oportunidade de acompanhar meu time como mandante, em uma partida de futebol.
Mas, de qualquer forma, gostaria de agradecer ao Pacaembu pelos grandes momentos oferecidos à torcida corintiana. E quantos momentos são!
Agradeço, em especial, aos que me lembro, em minha curta vida de torcedor de um clube centenário.
Pelo “Eterno 7x1”, em cima do Santos, no campeonato Brasileiro de 2005.
Pelo Brasileirão de 2011, ganho em cima do maior rival, o Palmeiras.
Pelo gol de cabeça de Paulinho, contra o Vasco, nas quartas de final da Libertadores de 2012, com direito a um abraço de alambrado, não só em um torcedor, mas em toda a fiel torcida.
Principalmente, por aqueles dois gols de Emerson Sheik, contra o “poderoso” Boca Juniors, em 2012, colocando um ponto final na grande sina que a taça Libertadores representava.
Por todos estes momentos, e por muitos e muitos outros com os quais poderia fazer um livro, ao invés desta simples crônica, obrigado Pacaembu! Você foi o palco para alguns dos mais belos espetáculos que eu já vi!