AS GAROTAS DA LOJA

Elas trabalhavam “sérias”, mas sem desprezar o sorriso radiante de alegria de seus rostos juvenis nem tão pouco o bom relacionamento entre si.

Movimentavam-se de um lado para o outro na loja, entre meneios com o corpo, numa brincadeira salutar e cheia de graça, amenizando a rotina do ambiente.

Cantar, dançar, se divertir, quando não há fregueses para atender, eis um comportamento diferente e agradável. Com essa atitude, demonstravam estar “de bem com a vida”, felizes e com autoestima elevada, mostrando a quem por ali passava ou observava, que a vida não só se resume no trabalho diário e na ambição do lucro.

Sentado estava num banco em frente à loja, lendo uma apostila, quando vi com surpresa que elas tiravam fotos umas das outras, revezando posições aquelas próprias dos jovens. Fiquei realmente muito curioso e continuei observando aquelas garotas curtindo o intervalo de tempo ocioso de forma prazerosa.

Enquanto uma fotografava, as outras faziam “poses”. Depois, sempre rindo e dançando, ao som de uma música infantil ritmada, aguardavam a chegada de algum cliente.

Tão logo alguém entrava na loja, prontamente uma delas saía com as mãos entrelaçadas às costas, oferecendo um sorriso de boas vindas nos lábios, atendendo de maneira educada e solícita. Isso pude perceber do meu observatório e recanto provisório de leitor, no qual me encontrava naquele momento.

Mesmo sendo um sábado comemorativo, pois era o “Dia das Crianças”, podendo estar numa praia ou no aconchego do lar, elas trabalhavam com alegria e satisfação. Nisso observei, sem dúvida alguma, que o atendimento humanizado que elas praticavam era uma realidade. Não aquele atendimento mecanizado, típico das linhas de montagem das fábricas, sem calor humano...

O trabalho seja ele qual for, quando realizado com as cores da alegria e do respeito ao próximo, torna-se, sobretudo, um prazer. Assim como faziam as garotas da loja...naquele intervalo entre o trabalho e o lazer.