Mania de voar
Quando estamos prestes a entrar numa situação nova, inusitada, que foge ao nosso cotidiano ficamos muitas vezes sem saber como fazer ou agir. Porque simplesmente não nos deixamos levar? Não existe manual para essas situações, nem regras, nem sequências estudadas. É maravilhoso quando nos damos conta de que podemos nos desnudar diante de determinados momentos sem ensaiar antes, sem decorar textos. Podemos simplesmente “acontecer”, nus de regras somos mais intensos, mais verdadeiros. Os medos hão de surgir, mas isso depende de quem estará interagindo. Se conseguirmos ser autênticos podemos até prolongar o prazer imenso de viver momentos incríveis. Quem nunca sentiu um friozinho na barriga antes de encontrar alguém que mexe com nossos sentidos ou antes de falar em público, enfrentar uma plateia curiosa. Todas as vezes que tive que falar em público eu tinha algo ensaiado, algo decorado ou até mesmo escrito, eu acabava falando o que vinha na cabeça e esquecia o papel ou o que tinha decorado, eu deixava a emoção aflorar, todos gostavam? Sei lá. Não fugia do contexto, era coerente, mas falava do jeito que queria falar. E quando se trata de pessoas? Nada muda, a emoção é a mesma, a intensidade é diferente. Agora você está frente a frente com uma pessoa só, é só você e ela. O que mais me encanta é que tudo é novo, há sempre um mistério a ser descoberto, contato, dividido. Podemos reencontrar nossos próprios companheiros, olhá-los de maneira diferente, conversar, relembrar coisas do passado que foram boas para ambos, programar novas viagens, passeios. Em qualquer idade se pode sentir algo assim, dizem que isso é mania de adolescente, nada disso. Em qualquer idade a emoção está presente. A vida nos reserva surpresas, estamos na estrada, seguindo caminhos cruzados e paralelos. Surpreenda alguém, pode ser um novo amor ou o seu amor que está aí do seu lado agora com um convite fora de hora. Quem disse que não podemos voar?