HOMEM DE ABSORVENTE

Para vocês entenderem melhor a situação que presenciei outro dia no mercado, vou pedir que imaginem a cena de uma mulher indo a uma loja de pneu de automóveis para comprar os pneus do carro do seu marido que foram roubados e por isso, não tem como ver as referências para saber que tipo de pneu comprar.

Quem está lendo agora deve imaginar, comprar pneu é muito fácil, basta chegar na loja e pedir os pneus. Mas, não é bem assim, quem já foi comprar sabe que não basta que eles sejam redondos, tem que saber o tamanho, a largura, modelo, se é com câmara ou sem, a carga máxima que o pneu suporta e até data de validade deve se olhar na hora da compra.

A cena seria algo como a senhora encostada no balcão e enquanto espera o atendente, fica olhando todos aqueles pneus e se sentindo surpresa porque até então ela achava que eram todos iguais e começa a se preocupar porque ela não sabe qual deveria comprar.

Quando o atendente pergunta para ela que pneu deseja comprar ela responde alto e em bom som: - Senhor, desejo apenas comprar 5 pneus do tipo redondo para por no meu carro! O atendente com aquele meio sorriso no canto da boca, informa que não é bem assim, que ela precisa saber o aro da roda do carro para saber qual o pneu a ser comprado e quando percebe que ela não vai saber a informação pergunta a ela qual o carro que ela tem.

A senhora orgulhosa por achar que essa resposta ela sabia diz que é um carro Fiat e o atendente já um pouco impaciente pergunta se é um Fiat Uno. A pergunta cai como uma facada no coração da senhora que nervosa grita ao atendente:

- O carro não é meu, é do meu marido, peguei-o emprestado e roubaram os pneus, então só quero outros para poder ir para casa e devolver o carro para meu marido sem que ele reclame e diga que eu só faço besteiras.

Vendo a cena você diria que mulher não entende nada de carro mal sabe dirigir e não poderia ser diferente ela metida em uma oficina. E eu logo te perguntaria, então o que faz um homem metido na sessão de absorventes?! Isso sim, pode ser uma tragédia grega.

O mercado estava vazio e tranquilo e eu passeava pelos corredores, me surpreendi quando entrei na sessão de higiene e vi um homem comprando um absorvente. Na verdade nem posso dizer que ele estava comprando um, acho que ele acabaria por comprar todos ou pelo menos um de cada. Ao seu lado tinha um carrinho daqueles enormes com pouquíssimas coisas já escolhidas e ele olhava para a prateleira dos absorventes íntimos.

Olhei a cena e achei que aquilo merecia muito mais da minha atenção do que os papéis higiênicos que buscava por ali, então resolvi ficar apreciando aquele momento aterrorizador que aquele jovem homem passava.

Ele pegava um pacote de absorvente íntimo e olhava por completo, lia de um lado depois do outro, apertava um pouquinho e depois colocava de novo na prateleira e partia em busca de outro pacote. A situação era pior do que comprar pneu sem entender nada de carro. Porque pelo menos mulher dirige o carro que é conduzido pelos pneus, mas homem jamais vai usar absorvente, então aquele lance de abas ou sem abas, noturno ou diurno, com cheiro ou sem, não fazia o menor sentido para ele.

Comecei a andar vagarosamente em direção a ele e meu coração ansiava por ajudá-lo porque, já imaginava a mulher dele fazendo uma guerra de pacotes de absorventes caso ele resolvesse levar o carrinho do mercado lotado de absorventes com um tipo de cada modelo e marca. Mas, pensei que era melhor não, porque ele poderia se constranger e esquecer o mínimo de informação que ainda lembrava sobre qual escolher, é, porque imagino que a mulher que usaria deu a ele alguma orientação, porque se não fez isso seria a maior das maldades contra um marido que se arriscava a comprar algo do mundo feminino.

Acho que aquele homem nunca tinha visto um absorvente antes, pelo menos não ao vivo e a cores, ou melhor na cor rubra que era a cara dele agora tentando adivinhar qual daqueles pacotinhos guardava o segredo de sua paz ao chegar em casa e talvez uma bela noite de amor por ele ter acertado na encomenda.

As produtoras deviam tomar providências quanto aos absorventes íntimos, tipo escrever em letras garrafais nos pacotinhos: MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE: NÃO MANDE HOMEM COMPRAR ABSORVENTES, ISSO PODE ACABAR COM SEU CASAMENTO OU LEVAR SEU MARIDO A INFARTAR POR EXCESSO DE TENSÃO.

O gesto daquele homem poderia significar chegar em casa e de repente ter que fazer uso dos 78 tipos de pacotinhos comprados, ganhando assim uma bela assadura por usar absorvente por 60 dias ininterruptos. Punição por comprar o produto errado. O melhor de tudo seria ele explicar para os colegas de trabalho porque estava andando de pernas abertas ou sentando esquisito, será que ele teria coragem de contar a verdade?!!!

Uma boa vingança seria colocá-lo para colar todos os absorventes em seu corpo e escrever com batom em cada um deles: - quando minha esposa falar algo para eu comprar vou prestar atenção em todas as dicas que ela der para não comprar errado. Uma foto dessa situação iria bombar nas redes sociais e poderia ser um dos vídeos mais assistidos com ele tentando escrever nos absorventes colados no corpo todo e só os olhinhos de medo da mulher aparecendo. Se fosse meu marido eu gravaria a cena para relembrá-lo sempre do fato, porque homem tem memória curta.

A cena se demorava por demais e eu não podia ficar ali parada olhando, então continuei a caminhar pelo supermercado com o coração partido porque não ajudei aquele moço esforçado a salvar seu casamento e diminuir a cara de terror que o assombrava.

Tentei olhar bem para o rosto dele na expectativa de encontrá-lo pelo mercado brevemente e daí saberia o resultado, se tivesse de cara boa e andando normalmente seria sinal que ele acertou na escolha mas, se de repente o visse andando meio esculhambado e com as pernas abertas era sinal que teve que usa r os pacotinhos de absorventes comprados errados.

Luciane Dias
Enviado por Luciane Dias em 26/04/2014
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