ONDE NÃO PUDERES AMAR NÃO TE DEMORES

Otávio dorme na terceira caminha, dentre as nove, que compõe o quarto do abrigo para órfãos, onde ele mora, há mais de cinco anos.
Sua história de vida, não é muito diferente da história do amiguinho, que dorme na cama ao lado da sua.
Tavinho, como ele é chamado por todos ali, viu a mãe ser assassinada pelo pai, que em seguida se matou.
Mesmo com uma existência marcada pela tragédia, pelo desamor, e pela solidão, Tavinho, não é um menino amargo. É bem verdade que ele tem um olhar melancólico, e sua conversa mostra um menino muito mais maduro do que a idade que ele tem.

Ano passado, os olhinhos tristonhos de Tavinho brilharam de maneira diferente, um casal veio para conhecê-lo, com a intenção de adotá-lo, houve então as aprensentações, as promessas, e a esperança acendeu uma luz na alma apagada daquele menininho. Finalmente teria um lar, alguém para chamar de mãe e de pai.
Passado algum tempo, no entanto, o casal declinou do desejo de adotá-lo. Questionada do por que, da desistência? a futura mãe respondeu que não sentiu seu coração bater mais forte, e  por isso sabia, que ainda não era aquele, o menino destinado para ser seu filho.

Certa estava Frida Kahlo, quando escreveu: " Onde não puderes amar não te demores".
Pois desse jeito o mal será sempre menor.


(Imagem: Lenapena - Poente fotografado da minha varanda)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 25/04/2014
Reeditado em 25/04/2014
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