Nonsense

Alguns momentos na história política e social de um país despertam reações , desencadeiam movimentos, são válvulas propulsoras da evolução, verdeiros estopins. Bem ou mal, alguns gargalos sociais são providenciais para causar a pressão necessária e explodir a rolha.

Como bem lembrou em uma entrevista o imortal ator José Wilker, a época da ditadura militar foi um estimulante período de criação artística. Certamente, as vozes, as canções, as encenações foram as armas mais poderosas que digladiaram magistralmente contra o sistema castrador daquele período. Tanto que sobrevivem e emocionam até nos dias de hoje.

Fiz este interlúdio para chegar ao ponto que tem me feito perder o ponto. Quem já tentou transformar clara de ovo em neve sabe que, por um motivo ou outro, em algum momento ela desanda, dessora. É exatamente assim que me encontro, desandada, ou, se preferirem, estou em estado de dessoramento por conta do atual momento da história do nosso país.

Sinto-me estupefata, emudecida, inebriada, embasbacada, abilolada... Nunca foi tão fácil encontrar adjetivos para expressar a pasmaceira que me assola diante dos fatos e acontecimentos prosaicos que vêm se desenrolando, dia após dia, em nossa malfadada sociedade.

Tentando buscar um sentido e até, quem sabe, uma solução para tamanha sucessão de medidas e mídias escabrosas, acabei me dando conta de que o país vive o primeiro período Nonsense da história. Ou seja, o sentido é que nada mais faça sentido neste país. Sentiu?

E neste nada inclua-se tudo. A começar e terminar pela postura da nossa “presidenta”. “Cortem-lhe a cabeça! Cortem-lhe a cabeça!” Mera coincidência? Nada é casual no sistema Nonsense atual. Alguém ainda mantém a cabeça intacta? Rogo que sim.

Enquanto a ditadura acabou ditando novos estilos e descortinando grandes talentos, o sistema atual vigente está desbaratinando as mentes. Se a classe alta está coreografando o Lepo Lepo o que esperar da baixa? Quero dar baixa! Ou melhor, quero alta! Uma aposentadoria por falta de inspiração. Sou vítima da conspiração.

Chego a pensar que deva ser um castigo, resposta ao meu desejo larápio, inegavelmente latente. Sempre tive a curiosidade de saber qual seria a minha reação caso uma gangue alienígena resolvesse visitar o planeta ou, num caso bem específico, aterrissasse no Brasil.

Confesso que desejei que algo surpreendente e inesperado acontecesse. Quem sabe viver fantasiosamente um suspense ficção... Mas me enganei redondamente ao pensar que o perigo viria das alturas. Depois de conhecer a grande pensadora Valesca Popozuda descobri que a maior ameaça vinha do chão.

Perdi a noção! Viva o período Nonsense!

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 23/04/2014
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