Gosto Não Se Discute
OBS: Crônica inspirada no texto de ATIZ -
Por que há leitores que nunca deixaram de ler um livro até o fim? (T4779359) 

Certa vez, minha cunhada colocou agrião na comida do meu sobrinho então com cinco meses de vida. Achei uma tremenda maldade mas, segundo a própria mãe do bebê, "Pro menino conhecer o sabor e aprender a gostar desde já." Um bebê inocente e já conhecendo a amargura tão cedo. Me poupe!
 
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A vida nos prega cada uma quando menos esperamos trazendo amargura, as vezes fel, outras vezes ambos juntinhos. Precisamos de coisas mais gostosas para adoçar os nossos momentos neste mundo muitas vezes cruel e miserável para conosco.

O paladar de um bebê não está pronto para conhecer agrião, rúcula, jiló, quiabo e outros vegetais, principalmente se a mãe não é nenhuma Ana Maria Braga na cozinha e o pai não tem vocação para ser um Edu Guedes. Mas, com o passar do tempo, aprendemos a gostar do agrião e outros vegetais, ou não.

Rúcula aprendi a gostar depois dos 35 anos de idade quando degustei uma pizza fabulosa de mozzarella de búfala com tomate seco e rúcula na Pizzaria De Cuccini no Belenzinho em São Paulo. Antes disso, rúcula era sinônimo de mato com 'cheiro de cachorro molhado', segundo minha Tia Vera que ama rúcula mas, odeia seu cheiro.

 
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Fui apresentada ao quiabo quando criança e seu aspecto gosmento não me fez cair de amores por ele. Só mais tarde, por volta dos vinte e poucos anos me simpatizei com o quiabo mas, tinha que ser servido com abóbora menina. Do contrário, nada feito. Jiló? Já degustei e confesso que não é nada mau mas, como não tem fãs aqui em casa prefiro não fazer por que vai sobrar e acabar no lixo. Aí é pecado e não peco por nada neste mundo.

Ao meu ver, tudo tem seu momento na vida. Até livros, escritores, canções e filmes.

Machado de Assis eu amo! Aprendi a gostar lendo seus contos primeiro. Pequenas doses que me deixavam cada vez mais com vontade de devorar mais uma obra do Mestre.

 
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Mas, com o José de Alencar não foi tão fácil assim. Fui obrigada a ler 'Senhora' logo que cheguei no Brasil e mal sabia falar português direito. Teria que fazer uma prova de 'Adaptação' no MEC e uma das exigências era a leitura de uma obra da literatura brasileira. Escolheram 'Senhora' e eu, com um dicionário português-inglês do lado e sempre fazendo anotações, passei mais de um mês tentando decifrar tantas palavras que não me diziam nada. Pareciam enigmas e não palavras. Chorei muito e até implorei aos meus pais para voltar aos EUA. Ao contrário da canção do Paulo Diniz e Odibar, eu berrava aos quatro cantos: "I don´t want to stay in Brazil, I wanna go back to the USA!"
2Q==
"I Don´t Want To Stay Here,
I Wanna Go Back To Bahia!"
(1970)
Foi um pesadelo de dar inveja ao Boris Karloff. 
                      
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Karloff como Frankenstein - 1935

Um verdadeiro ato de terrorismo contra a minha pessoa. Alencar eu tranquei no armário. Ficou no passado e prefiro não desenterrá-lo. Creio que ele não cai bem como um 'walking dead'. Pelo menos, não para euzinha.

Cada um tem o seu gosto e acho bacana quando alguém indica um livro, um clássico da literatura, ou um livro não muito pop com muito entusiasmo por que aí eu paro e reflito sobre o quanto aquele livro significou para aquela pessoa. Porque não ler? Vambora então!
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Livro que a minha aluna Beatriz não largou por uma semana inteira.
Como a minha curiosidade é sempre grande, perguntei como era a estória e a Bia me deu motivos de sobra para ler a obra de John Green.
Ela tinha razão!

AMEI! 
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Calada Eu
Enviado por Calada Eu em 23/04/2014
Reeditado em 25/12/2015
Código do texto: T4780191
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