"BALANÇO DE PNEU"
Ele chegou mais cedo naquela tarde quente, veio apressado trazendo nos braços alguns metros de corda grossa e reforçada. Eu brincava com minha boneca na varanda da casa da fazenda. Vi quando ele entrou na garagem e saiu de lá carregando um pneu velho, passou por mim e com um doce sorriso disse para eu ajudá-lo, sem saber em que, deixei a boneca sobre o banco de madeira e o segui, quase que correndo para poder alcançá-lo em seus passos largos. Seguiu para o pomar de variadas frutas, e parou debaixo da mangueira mais alta daquele lugar, eu ia observando tudo em silêncio, com os olhos cheios de curiosidade. Num ímpeto, subiu na imensa árvore levando consigo a corda, e em segundos fixou- se num galho reforçado, com sabedoria amarrou a ponta da corda num nó caprichado e soltou a outra ponta que caiu ao chão. Desceu em seguida, pegou o pneu e amarrou na corda. Estava pronto o balanço de pneu! Para maior segurança dependurou-se no balanço testando o brinquedo, depois olhou para mim, que admirada olhava cada gesto que ele fazia e disse: “Chame os outros para brincar, não quero brigas, só que vocês se divirtam.” Em segundos reuni as outras crianças e organizei em fila indiana, para que todos pudessem experimentar o maravilhoso brinquedo. As horas voaram naquele tarde, pois, estávamos hipnotizados entre risos e gritos, uma algazarra de crianças felizes. Já era quase noitinha, quando minha mãe veio nos buscar, e entre protestos e reclamações fomos com ela de volta para casa. Depois do banho e do jantar caseiro que minha mãe sempre preparava, fui para cama, pois, estava muito cansada com tanta diversão. Antes de pegar no sono, estendi a Deus uma prece de agradecimento, por minha infância feliz, e por ele me conceder a graça de ter tanto, especialmente pelo gesto carinhoso, de meu querido pai.