Nova vida.
Silenciosa e muda a boca permanece. E dos olhos escorrem versos e trovas, trechos de poesia inacabada que a lágrima calou.
Nada mais resta ao poeta que não escrever, e cantar suas dores, transformarem em versos e flores as adagas que do coração transpassado fizeste sangrar. Silenciosa e muda a boca, não a alma, não o canto. Palavras que se espalham feito poeira e pólen pelo vento. Pensamentos e luzes e cores que se formam à simples imagens.
Tua imagem que de resplendor preenche meus vazios e arranca de mim a voz; que permeia meus sonhos e os faz suaves e sublimes feitos à bruma mansa que meiga passeia solta pelo ar.
Não mais o silêncio tétrico das tenebrosas noites de angustia e solidão, de sons abafados e cinzas, mas um grito, um beijo de luz resplandecente e vivo e forte e mágico.
Ontem, a saudade e a dor a arder e a rasgar o peito em insanos versos ímpares; abortadas rimas iracundas, sem luz. Hoje, a alegria contagiante de sorrisos abertos, cintilantes brilhos. Ontem o medo e as cinzas horas de silenciosas sombras a afugentar os sonhos, cobrindo-os de névoas escuras e obscuras, tempestades sombrias que assustavam as noites encantadas e encobertas.
Hoje, a certeza da conquista, a vitória absorvida com o encantamento da alma, a febre delirante da paixão que escancara a boca em sorrisos contagiantes. Oque da dor dilacerante do estilhaçado coração foi arrancado, preenchendo-se da magia colorida do amor absoluto e eterno.
Dias e noites de tristezas esquecidas, as sombras das mágoas afastadas, as feridas curadas. Que venham as horas cintilantes dos corações apaixonados, risos de crianças a preencher os vazios silenciosos do coração reconquistado, novos ares, nova vida.