Alguém do ramo

Há quem diga que psicólogos sofrem de frustração, vícios e virtudes são características que podem ajudar ou atrapalhar as tarefas cotidianas. Mas psicólogos, por lidaram o dia todo com os problemas dos outros, acabam por ficarem “carregados” de sentimentos tóxicos. Daí a necessidade de fazerem psicoterapia.

Ernesto(nome fictício), um psicólogo experiente, em uma sessão de psicoterapia se identificou com o caso do paciente e o que era pra ser dez sessões foram interrompidas na quinta. O profissional o encaminhou para uma colega.

Porém aquilo o incomodava, ele era alguém do ramo, não alguém que entendia de comportamento, mas alguém que carregava a angústia de ter passado por uma situação ruim e esta, por sua vez, estava voltando aos seus pensamentos.

Ciências sociais sempre são subjetivas: a sociologia resolve os problemas de um grupo para o sociólogo resolver o seu; a antropologia compreende a cultura de um povo bem como seus costumes para entender a cultura do próprio antropólogo e, consequentemente, se aceitar;já o psiquiatra é um psicofarmacologista, portanto ele ministra uma medicação para melhorar ou ajustar um comportamento que está aquém da margem tolerável.

Mas voltando ao psicólogo, este preferiu não procurar psicoterapia. Estranho um profissional não acreditar na própria ciência que profere. No fundo não era isso, ele queria desenvolver de dentro dele a autorresponsabilidade. Ele não quis transferir para outra pessoa uma culpa que era dele: em vez de criticar, ele ficava calado; em vez de culpar os outros, ele procurava se ele abriu uma cova pra ele mesmo cair, em vez de projetar nos outros o motivo de uma falha, ele investigava se partiu dele a ponta da cordinha do erro.

Feitos estes exercícios o psicólogo não consertou o erro, até porque o objetivo não era esse (na vida o erro é bem mais recorrente do que o acerto). A motivação de sua reflexão de responsabilidade foi entender que a partir daquele momento, com o exercício da autorresponsabilidade, suas ações seriam bem mais sensatas e sem dor ou culpa, com a máxima energia de fazer bem feito sem nenhuma influência de sentimentos tóxicos como a amargura, a ansiedade, o medo do julgamento dos outros etc.

Ricardo Monjam
Enviado por Ricardo Monjam em 21/04/2014
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