O beijo de Judas (EC)

13 de abril é o Dia Internacional do Beijo, o que segundo um amigo, da turma dos solteiros, “é tipo dia de finados: não tem ninguém pra comemorar”. Aí saí a cata na internet para encontrar pérolas, como a quantidade de beijos trocados ao longo de uma vida. Um matemático beijoqueiro contou 24 mil beijos. O tempo gasto na ação de beijar equivaleria a 14 dias ininterruptos ou 20.160 minutos.

O tipo de beijo varia conforme os participantes, os costumes e a situação. Aqui havia o hábito de se trocar três beijos na face para cumprimentos amigáveis. A explicação era: o primeiro daria sorte para namorar, o segundo para casar e o terceiro para não morar com a sogra. Hoje restaram dois, sem que eu saiba qual deles foi suprimido. A contar com a quantidade de solteiros, creio que logo teremos um e olhe lá!

Que o beijo é bom, ah isto é! É só olhar uma criança tropeçar e abrir um berreiro para ganhar beijinho da mãe ou do pai para sarar. Na fase pré-escolar as professoras dão continuidade a esses mimos, de modo a não traumatizar a criança. Gabriel, por exemplo, teve que frequentar o psicólogo antes de aceitar a nova fase escolar. Soluçava para não ir à nova escola como quem se defende da forca. A grande questão psíquica era que, agora, a professora não distribuía mais beijinhos pela sala.

Como a explicação para quase tudo que não se entende recai sobre as costas largas de Freud, este vinculava o desejo pelo beijo ao ato primário do bebê sugar o seio da mãe ao ser amamentado. Daí a busca do conforto através do beijo nos enamorados. Mas, como se sabe, Freud nunca largou o charuto.

Quanto ao uso do beijo para o mal, na Semana Santa rituais são repetidos há séculos para excomungar o Judas traidor. No Ocidente o beijo entre homens, excluindo-se os pares homossexuais, ocorre mais entre pais e filhos. No Oriente, a prática parece ser mais comum. Muito tempo sem assistir telejornal, me vêm à memória imagens do líder palestino Yasser Arafat. Após sua morte e exumação para investigação de envenenamento por polônio, soube-se dos cuidados diários a que esses líderes se submetem para prevenir o risco da traição e morte. Desde um cumprimento por aperto de mão até o beijo oferecido pelos fiéis podem estar envenenados. É de longa data o envenenamento, simbolizado pelo beijo da traição no caso do Apóstolo Judas ao Mestre Jesus.


Que a memória dos beijos amorosos seja maior que a memória de qualquer traição!

Este texto faz parte do Exercício Criativo O BEIJO DE JUDAS
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