Um dedo de prosa sobre coisas simples, mas de fundamental importância para a convivência humana

  

Manhã de abril, 2014 – mês de outono - temperaturas altas na capital baiana. Duas pessoas corriam na orla quando uma delas resolveu parar de forma abrupta. A outra, que já se encontrava distante, parou, também, e retornou para verificar o que ocorrera.  Ao concluir que era apenas um sinal de cansaço da sua amiga, convidou-a  para tomar uma água de coco bem gelada. E foi assim que se instalou um longo  diálogo sobre o desequilíbrio do mundo moderno, o comportamento das pessoas, a falta de solidariedade, a falta de  ética,  coisa & tal.
 
Marina entabulou a conversa assim:
 
- Amiga, às vezes, eu me vejo com a cabeça lá na Grécia Antiga, porque a toda hora sinto que Sócrates tinha razão quando afirmou: “Só sei que nada sei”.   - Diante disso, sua amiga Ester deu risada e falou:
 
- Gosto de lhe ver filosofando, Marina. E já que andamos muito hoje, vamos prosear um pouco. Confesso que ando meio perdida na confusão deste mundão moderno - sem falar no caos que nós baianos estamos vivendo - acho que se cada um fizesse bem a sua parte, colocasse em prática a ética que Sócrates nos ensinou, respeitasse os direitos de cada um, obedecesse as leis, aplicasse sua inteligência em bons projetos e seguisse os ensinamentos de Cristo, as relações entre as pessoas seriam bem mais prazerosas e o mundo não sofreria tanto. Não acha?
 
- Claro! Concordo plenamente.  E falando em Sócrates (filósofo grego) eu gosto de uma coisa que li outro dia a  seu respeito. Afirma-se que Sócrates, muito perspicaz, aplicava um método baseado, também, na ironia. Sócrates, diante de outra pessoa, que se dizia conhecedora de um determinado assunto, dizia que nada sabia. E assim ele danava a fazer perguntas. A pessoa, diante dessa tática, revelava-se.  Não é à toa que ao ler Marilena Chaui, em Connvite à Filosofia, nos deparamos com tal questão: “O modo como os seres nos aparecem é o modo como os seres são?’’  
 
- É, Marina, boa pergunta. E você vai buscar as coisas no fundo do baú... Eu nem tenho lido muita coisa, amiga! Esse tal de FACEBOOK me deixa sem tempo, não sabe? Mas eu vou esquecer um pouco essa coisa de “rede social”, porque uns socializam conhecimento enquanto outros partilham seus hábitos. O pior é que, neste caso, em particular, se trata de hábitos ruins, além de falarem coisas sem fundamento algum, parecem querer unificar o pensamento humano. Dá para acreditar?
 
- Não, Ester, não dá!  Nem Deus quereria tal coisa... É isso que me deixa pensativa com relação as novas tecnologias...  E você tem razão em pensar assim.  Não seja vítima do sistema. Faça como eu, seja VOCÊ. O mundo tem que entender que na frente da tela de um computador existe um ser. Falei UM SER – um ente humano – pessoa única - que, até que se prove o contrário, é um ser dotado de virtudes, a exemplo do caráter – bem inalienável.  E cada SER difere dos demais.  Ponto Final. Aliás, para finalizar nossa prosa, já que falamos de coisas fundamentais para o convívio humano, eu lhe digo  que, para mim, a máxima de Sócrates é esta:
“Pessoas inteligentes falam sobre ideias; pessoas comuns falam sobre coisas; pessoas medíocres falam sobre pessoas”. 
Então, antes que o sol esquente demais e queime o nosso juízo, vamos embora e pensar em  dar continuidade aquele nosso projeto, porque ele vai melhorar a vida de muita gente por aí...
 
E as duas se despediram dizendo uma para a outra:
 
“Feliz Páscoa!  Perdoa... porque eles não sabem o que dizem”.