O MEU POBRE RIO.
Sentado em minha varanda, mergulhado na imensidão do mar da Barra Tijuca, afagado pela suave brisa do Leste, sob um céu de profundo azul e acalentado por um sol camarada de outono, fui tirado desse bucólico cenário por uma avassaladora onda de pensamentos martirizantes tendo como tônica a apavorante constatação; Meu Rio está morrendo!
Nasci nesta cidade, cresci aprendendo a amá-la. Esquadrinhei todos os seus recantos, fui boêmio e seresteiro, vivi uma época única, que, tenho certeza, jamais voltará,
É bom que se diga que, absolutamente, não se trata de rançoso saudosismo; nada disso! E, para quem tiver, ainda, alguma dúvida, o desenrolar deste texto vai, certamente, dar-lhe fim, inclusive pela constatação dos fatos que os habitantes desta cidade confrontam todos os dias e os demais brasileiros tomam conhecimento através dos meios de comunicação.
Coisas simples, naturais e indiscutíveis, como poder andar livremente a qualquer hora do dia ou da noite, estacionar seu carro com facilidade, encontrar mesa livre em qualquer restaurante, ir ao cinema sem encarar uma enorme fila, pagar suas contas com rapidez nos bancos, viajar de ônibus sem ter que ir em pé, banhar-se num mar livre de dejetos, ter o prazer de observar a dança dos golfinhos na baía da Guanabara,
soltar pipa no altos de Sta.Teresa, andar de bonde do Tabuleiro da Baiana ate o Bar 20, já não são mais possíveis.
Prazeres simples, vida simples, baixo espírito de competição, cadeiras na calçada ao fim da tarde, futebol sem batalhas corporais. O Rio era família, era pai, mãe, avô e amante. As condutas não eram impostas, mas aceitas como necessárias e observadas por todos e as famílias se entrosavam muito bem e mantinham o bonde na linha, sem essa frescura de trauma.
A terrível explosão demográfica, o êxodo crescente das populações de um castigado nordeste, principalmente, e de outras unidades da federação, despejou nesta leal cidade uma carga que veio se mostrar insuportável e o resultado é que o Rio está sitiado por um anel de favelas (desculpe, comunidades) que não para de crescer.
Junto à gente trabalhadora, entraram os barões do tráfico, arrastando atrás de si a miséria de tantas famílias e, através do medo, da crueldade, escravizando pessoas de bem, tornando-as defensoras do vício. Queimam-se ônibus diariamente (por quê?) à simples prisão de um miserável meliante. Menores de idade são aliciados e cometem toda a sorte de crimes, amparados por uma decrépita legislação e matam, com ou sem reação, queimam corpos de gente inocente, campeiam pela cidade, impunemente. Uma nova favela (desculpe, comunidade) desponta e, em apenas 3 meses, 5000 barracos são levantados!
Não estamos seguros, nem dentro, nem fora das nossas residências, as invasões de prédios públicos “inabitados” está se tornando rotina e os confrontos inevitáveis têm consequências, sempre funestas, que são, imediatamente, aproveitadas por políticos, ONGS misteriosas e pelos próprios criminosos em seu benefício .
Temo que, com o tempo, o significado de “inabitado” se alargue e passe a querer dizer “não tinha ninguém na casa hoje” e, aí, vamos correr o risco de chegar do trabalho e encontrar nossa residência com um bando de gente lá dentro.
O Rio, a minha cidade, o meu eterno amor, era flanqueado por montes verdejantes, com rica flora e fauna e a grande maioria, hoje, mostra uma grande ferida, um caótico amontoado de vielas, um inescrutável labirinto !
O pouco do verde ainda remanescente, está com os dias contados; a favela (sem desculpa) da Rocinha já está descendo para a Gávea e vai avançar pelo asfalto.
Agora, fica impossível conter a onda e, dentro em pouco, com a extinção de terra livre, vão ser tomados os parques, jardins, viadutos e, finalmente, as praias...
Estamos à deriva! Qualquer pequena marola poderá afundar o barco.
Pela primeira vez em minha vida, com os olhos marejados, pensando em deixar esta cidade amada, clamo a Deus por misericórdia!
Senhor, acuda-nos porque o meu pobre Rio está morrendo!
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(dedicado a Deus, único capaz de salvar o meu Rio, o Brasil e o mundo)
Imagem - Internet
Sentado em minha varanda, mergulhado na imensidão do mar da Barra Tijuca, afagado pela suave brisa do Leste, sob um céu de profundo azul e acalentado por um sol camarada de outono, fui tirado desse bucólico cenário por uma avassaladora onda de pensamentos martirizantes tendo como tônica a apavorante constatação; Meu Rio está morrendo!
Nasci nesta cidade, cresci aprendendo a amá-la. Esquadrinhei todos os seus recantos, fui boêmio e seresteiro, vivi uma época única, que, tenho certeza, jamais voltará,
É bom que se diga que, absolutamente, não se trata de rançoso saudosismo; nada disso! E, para quem tiver, ainda, alguma dúvida, o desenrolar deste texto vai, certamente, dar-lhe fim, inclusive pela constatação dos fatos que os habitantes desta cidade confrontam todos os dias e os demais brasileiros tomam conhecimento através dos meios de comunicação.
Coisas simples, naturais e indiscutíveis, como poder andar livremente a qualquer hora do dia ou da noite, estacionar seu carro com facilidade, encontrar mesa livre em qualquer restaurante, ir ao cinema sem encarar uma enorme fila, pagar suas contas com rapidez nos bancos, viajar de ônibus sem ter que ir em pé, banhar-se num mar livre de dejetos, ter o prazer de observar a dança dos golfinhos na baía da Guanabara,
soltar pipa no altos de Sta.Teresa, andar de bonde do Tabuleiro da Baiana ate o Bar 20, já não são mais possíveis.
Prazeres simples, vida simples, baixo espírito de competição, cadeiras na calçada ao fim da tarde, futebol sem batalhas corporais. O Rio era família, era pai, mãe, avô e amante. As condutas não eram impostas, mas aceitas como necessárias e observadas por todos e as famílias se entrosavam muito bem e mantinham o bonde na linha, sem essa frescura de trauma.
A terrível explosão demográfica, o êxodo crescente das populações de um castigado nordeste, principalmente, e de outras unidades da federação, despejou nesta leal cidade uma carga que veio se mostrar insuportável e o resultado é que o Rio está sitiado por um anel de favelas (desculpe, comunidades) que não para de crescer.
Junto à gente trabalhadora, entraram os barões do tráfico, arrastando atrás de si a miséria de tantas famílias e, através do medo, da crueldade, escravizando pessoas de bem, tornando-as defensoras do vício. Queimam-se ônibus diariamente (por quê?) à simples prisão de um miserável meliante. Menores de idade são aliciados e cometem toda a sorte de crimes, amparados por uma decrépita legislação e matam, com ou sem reação, queimam corpos de gente inocente, campeiam pela cidade, impunemente. Uma nova favela (desculpe, comunidade) desponta e, em apenas 3 meses, 5000 barracos são levantados!
Não estamos seguros, nem dentro, nem fora das nossas residências, as invasões de prédios públicos “inabitados” está se tornando rotina e os confrontos inevitáveis têm consequências, sempre funestas, que são, imediatamente, aproveitadas por políticos, ONGS misteriosas e pelos próprios criminosos em seu benefício .
Temo que, com o tempo, o significado de “inabitado” se alargue e passe a querer dizer “não tinha ninguém na casa hoje” e, aí, vamos correr o risco de chegar do trabalho e encontrar nossa residência com um bando de gente lá dentro.
O Rio, a minha cidade, o meu eterno amor, era flanqueado por montes verdejantes, com rica flora e fauna e a grande maioria, hoje, mostra uma grande ferida, um caótico amontoado de vielas, um inescrutável labirinto !
O pouco do verde ainda remanescente, está com os dias contados; a favela (sem desculpa) da Rocinha já está descendo para a Gávea e vai avançar pelo asfalto.
Agora, fica impossível conter a onda e, dentro em pouco, com a extinção de terra livre, vão ser tomados os parques, jardins, viadutos e, finalmente, as praias...
Estamos à deriva! Qualquer pequena marola poderá afundar o barco.
Pela primeira vez em minha vida, com os olhos marejados, pensando em deixar esta cidade amada, clamo a Deus por misericórdia!
Senhor, acuda-nos porque o meu pobre Rio está morrendo!
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(dedicado a Deus, único capaz de salvar o meu Rio, o Brasil e o mundo)
Imagem - Internet