Isa
“Fantasia é pra quem gosta de viver longe da realidade” dizia ela com ar de anjo e mente do diabo. Ela gostava de se sentir forte, segura com sua vida que levava não lhe faltava muita coisa somente o que desejava quando tinha seus quinze anos. É que sua mente vasculhava o que havia se perdido em anos atrás, como a tal festa de debutante da qual só veio em seus sonhos românticos, e por isso talvez que ela nunca mais quis gostar de sonhar.
Quando ainda era uma menina ela rabiscava seus cadernos, escrevia contos de amor, de fantasia, e de terror não tinha medo de expressar o que estava em seus sentimentos e em sua volta. Tinha cabelos negros levemente ondulados e presos com laço de fita, tinha vestido de seda e bordado nas pontas com enchimento. Olhava o mundo com aqueles olhos castanhos quase negros, não tinha motivos pra ser diferente do que sempre foi.
Só que deixou de entender como funcionam as coisas, no momento em que as mesmas deixaram de entender seu ponto de vista não tinha nada contra si antes, agora tem tudo. Como tivesse sido ontem que não fez sua faculdade favorita, ela queria fazer letras e se viu obrigada fazendo jornalismo, porém gostava de escrever artigos em um jornal sobre política mesmo não sendo o que a interessava. Ficou redigindo seus textos com uma dose de sarcasmo e criticas ao regime socialista. Tinha alma amargurada por tudo que deixou em sombras de um passado tinha uma vergonha muito grande do que não teve coragem de viver, Isa era uma mulher infeliz.
Quando ela saia da redação da revista da qual escrevia seus artigos diários se sentia com asas pra sair e voar, como se a liberdade começasse da porta pra fora, ela estava como deveria estar. Isa foi até ao estacionamento olhou fixamente pro seu carro popular abriu a porta, e quando entrou começou a não querer parar de chorar seu pranto fluía feito um rio desaguando no mar, como se aquela vida infeliz e estagnada fosse um poço sem fim, um abismo do qual cada vez que ela gritasse, ficasse cada vez mais negro e no seu próprio eco. Demorou uma hora pra ela chegou à casa devido ao choro e ao engarrafamento, quando ligou a luz da sala e viu a sala vazia ficou com um aperto enorme do peito sem distinção de tempo e espaço, e sentiu que estava só, que sua família estava afastada dela, porque era ácida, grosseira, teimosa e infeliz. Não tinha filhos, marido, cachorro, ou papagaio. Então foi até o banheiro encheu sua banheira de água morna, despiu-se e mergulhou nas águas, ela sabia que gostava de se fazer de coitada e naquele momento era mesmo sua fantasia de todo dia. Ficou submersa por uns dois minutos e quando voltou a si não entendia como seu caminho havia se perdido tanto em sete anos, mas que deveria dar uma solução pra que ele não a segurasse novamente. Seus olhos faiscavam, sua mente formigava seu tempo pra mudar iria começar assim que o dia nascer. Começou ligando pros seus familiares mais próximos pedindo desculpas por ser ignorante pediu demissão do emprego do qual detestava e prometeu pra si mesma que agora era tudo da sua maneira e não da maneira dos outros, pois ninguém poderia tirar sua felicidade novamente por qualquer valor.