Pequenas histórias 31
Os dedos passeiam
Os dedos passeiam sobre o teclado preto. Acariciam letra por letra. Apenas acariciam como se estivessem acariciando a tua pele nua. Pele nua que recebe os fluxos magnéticos das pontas dos dedos percorrendo todos os ângulos dos prados e campinas suaves e refrescantes, como o riacho a saciar a sede dos meus desejos. Deixo os dedos ao seu bel prazer, não forço a mente, se ela quiser transmitir ordens aos dedos, tudo bem, não proibirei. Por outro lado, sei que tua pele necessita do frescor dos meus dedos, e, sei que ela se entregará sem pudor e preconceito, e, sei que ela corresponderá aos anseios, tantos meus como os seus. Sei também, que assim complementaremos um ciclo de prazeres mutuamente correspondido.
Sei que futuramente seremos os mesmos os que somos hoje: dois amantes que se integram e se interagem sem que haja necessidade de drogas e subterfúgios alimentando nossa libido. Sim, meu amor, somos hoje o que seremos no futuro: dois putos safados encarecidos de sexo e rock. E viva o amor desvairado queimando como a guitarra solando um lamento infinito de sentir suas cordas esfolando os dedos de satisfação e prazer.
pastorelli