COMPRA-SE UM POEMA (Texto de Ileides Muller)
- Olha o poema novinho, baratinho! Quem vai querer?
Era assim que o poeta oferecia a estranha mercadoria numa esquina daquela grande cidade. Era um autêntico poeta, arte pura, sem moldura, exposta a céu aberto, sem nenhuma nomenclatura. O seu olhar refletia esperança e seu gesto, ternura.
De longe eu o observava. Jovem ainda, banhado pelo sol que lhe escorria pelas faces, e, sem nenhuma embalagem, na cara dura, vendia sua poesia. Quem a compraria?
Alguns paravam. Poucos compravam. Muitos, apressados, nem o viam, outros, curiosos, apenas ouviam o poeta oferecer, mas, na busca pelo pão, nem percebiam que pisavam nas metáforas espalhadas pelo chão.
E o poeta insistia.
- Olha o poema, baratinho, quem vai querer?
Nas antíteses da cena, gritava a coragem do vendedor. – Vai um poema aí, doutor? Vez ou outra se via real sinergia entre poeta e leitor.
O produto que ele vendia era, talvez, o que eu precisava para viver naquele dia. Interessava-me, sim, a poesia. Queria palavras que nutrissem a alma, que ensinassem um jeito novo de viver, de amar e que falassem por mim quando eu desejasse calar.
- Quero comprar um poema, disse-lhe.
- Pois não, senhora, pode escolher! Este, acabou de nascer.
Cântico
Quando a emoção acende olhares, / palavras se ajoelham em prece / e no templo do silêncio / a linguagem da flor / entoa cânticos de amor.
- Quanto custa? – perguntei-lhe, com olhar marejado.
- Emoção não custa nada, senhora, e alegria não tem preço, pode levar.
No pedaço de papel em minha mão, um silêncio se fez poesia e canção.
Do livro: "Bazar dos Poetas" , autoria de Ileides Muller e Darci cunha.
- Olha o poema novinho, baratinho! Quem vai querer?
Era assim que o poeta oferecia a estranha mercadoria numa esquina daquela grande cidade. Era um autêntico poeta, arte pura, sem moldura, exposta a céu aberto, sem nenhuma nomenclatura. O seu olhar refletia esperança e seu gesto, ternura.
De longe eu o observava. Jovem ainda, banhado pelo sol que lhe escorria pelas faces, e, sem nenhuma embalagem, na cara dura, vendia sua poesia. Quem a compraria?
Alguns paravam. Poucos compravam. Muitos, apressados, nem o viam, outros, curiosos, apenas ouviam o poeta oferecer, mas, na busca pelo pão, nem percebiam que pisavam nas metáforas espalhadas pelo chão.
E o poeta insistia.
- Olha o poema, baratinho, quem vai querer?
Nas antíteses da cena, gritava a coragem do vendedor. – Vai um poema aí, doutor? Vez ou outra se via real sinergia entre poeta e leitor.
O produto que ele vendia era, talvez, o que eu precisava para viver naquele dia. Interessava-me, sim, a poesia. Queria palavras que nutrissem a alma, que ensinassem um jeito novo de viver, de amar e que falassem por mim quando eu desejasse calar.
- Quero comprar um poema, disse-lhe.
- Pois não, senhora, pode escolher! Este, acabou de nascer.
Cântico
Quando a emoção acende olhares, / palavras se ajoelham em prece / e no templo do silêncio / a linguagem da flor / entoa cânticos de amor.
- Quanto custa? – perguntei-lhe, com olhar marejado.
- Emoção não custa nada, senhora, e alegria não tem preço, pode levar.
No pedaço de papel em minha mão, um silêncio se fez poesia e canção.
Do livro: "Bazar dos Poetas" , autoria de Ileides Muller e Darci cunha.