Férias, ah! passageiras férias!
Férias para mim tinham um duplo significado. Não precisava estudar para exames e “sabatinas” (é, naquele tempo os testes eram chamados de sabatinas). Ficando livre desses compromissos, sobrava-me bastante tempo para ler os meus livros, principalmente os romances (que me atraíam no armário do sótão), e deliciar-me com as tramas e as personagens, transformando-me na protagonista (lógico) de uma delas, cujo final era sempre feliz. Além disso, era época de viajar para uma cidadezinha perdida no centro do Estado, onde nascera meu pai, e onde moravam tios e primos, e onde os dias nada tinham de monótonos.
O grande acontecimento do lugar era ir à estação de trem esperar o “noturno” (maria-fumaça) de passageiros, que, às 21h (mais ou menos), obrigatoriamente fazia lá uma parada a fim de se abastecer de água. Poucas pessoas subiam ou desciam, mas como o trem se demorasse, havia um pequeno comércio de alimentos na estação. Dava tempo de os passageiros comprarem doces e salgados famosos entre os que costumavam passar por lá, porque eram feitos no mesmo dia pelas “mestras” quituteiras do lugarejo.
Para nós, adolescentes, era o ponto de encontro para “tramarmos” o dia seguinte. Era a nossa diversão das noites de verão. Arrumávamo-nos com esmero: cabelo bem penteado (o meu penteado só durava até a estação, cabelinho rebelde!), vestido de passeio, sandálias novas...
Eu, geralmente desligava-me do que acontecia ao meu redor e punha-me a fantasiar (mente fértil!), que de algum daqueles vagões desceria um garboso jovem, que me olharia profundamente, me tomaria pela mão e me levaria para uma vida de felicidade numa casinha verde de janelas brancas e um jardim cheio de flores, colibris e borboletas (influências das minhas leituras?).
Com a partida do trem, a realidade me batia em cheio ao ouvir a voz de alguma prima:” Mardi, combinado?” (o que foi que combinamos?) Ante meu olhar aparvalhado: “Vamos amanhã no jipe do Pedro fazer um piquenique lá no rio” (Ufa! Agora sei o que estava combinado).” “Sim, a que horas nos encontramos?” “Pelas duas, tá?”. A essas alturas o meu príncipe já se desfizera no ar como bolha de sabão.
Imagem: Google.
Respeite os direitos autorais.
O grande acontecimento do lugar era ir à estação de trem esperar o “noturno” (maria-fumaça) de passageiros, que, às 21h (mais ou menos), obrigatoriamente fazia lá uma parada a fim de se abastecer de água. Poucas pessoas subiam ou desciam, mas como o trem se demorasse, havia um pequeno comércio de alimentos na estação. Dava tempo de os passageiros comprarem doces e salgados famosos entre os que costumavam passar por lá, porque eram feitos no mesmo dia pelas “mestras” quituteiras do lugarejo.
Para nós, adolescentes, era o ponto de encontro para “tramarmos” o dia seguinte. Era a nossa diversão das noites de verão. Arrumávamo-nos com esmero: cabelo bem penteado (o meu penteado só durava até a estação, cabelinho rebelde!), vestido de passeio, sandálias novas...
Eu, geralmente desligava-me do que acontecia ao meu redor e punha-me a fantasiar (mente fértil!), que de algum daqueles vagões desceria um garboso jovem, que me olharia profundamente, me tomaria pela mão e me levaria para uma vida de felicidade numa casinha verde de janelas brancas e um jardim cheio de flores, colibris e borboletas (influências das minhas leituras?).
Com a partida do trem, a realidade me batia em cheio ao ouvir a voz de alguma prima:” Mardi, combinado?” (o que foi que combinamos?) Ante meu olhar aparvalhado: “Vamos amanhã no jipe do Pedro fazer um piquenique lá no rio” (Ufa! Agora sei o que estava combinado).” “Sim, a que horas nos encontramos?” “Pelas duas, tá?”. A essas alturas o meu príncipe já se desfizera no ar como bolha de sabão.
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