Redes sociais, a terapia contemporânea?
A tecnologia avançou além da maturidade dos seres humanos. Eles não estão preparados para ela. Mesmo as gerações que estão nascendo imersas nesse novo mundo digital e sendo bombardeados desde muito cedo com turbilhões de dados e informações, ainda assim, não são educados para lidar com tantas inovações.
As redes sociais funcionam como uma vitrine. Em uma loja de shopping, colocamos em evidência os produtos mais vistosos que despertam o desejo. Assim podem atrair os clientes, que depois de encantados, acabam levando além do que viram, mas também aquelas peças que já saíram de moda, os “abacaxis” que precisam ser “desovados”.
Viagens, cafés na Starbucks, são as roupas de grife estampadas em nossa vitrine, mas e a mercadoria encalhada? Seriam nossos verdadeiros sentimentos? Tristeza, amargura, falta de confiança...
As pessoas despreparadas com tamanho deslumbramento e superficialidade acabam por se expor de forma inadequada ou desnecessária.
Qual o sentido de postar uma foto ou vídeo de uma pessoa com quem se teve uma relação intima, sem o consentimento desta pessoa? É evidente que a culpa não é da rede social ou da internet, evidente que demonstra falta de maturidade da pessoa que assume tal postura, tanto que precisou ser criado um projeto de lei para proteger as mulheres, uma vez que em sua maioria quem se prestava a esse serviço eram do sexo masculino.
Mas e a necessidade dos casais que postam fotos suas após ter consumado o ato sexual? Por que é tão importante essa exposição, de modo que vale tudo por uma curtida? Talvez para ocultar aqueles sentimentos mais profundos...
Ouvem-se justificativas do tipo “Minhas fotos são bloqueadas apenas para meus amigos”, porém se não ganham as famosas “joinhas”, por exemplo, tem pessoas que se sentem frustradas, passam a olhar a cada cinco minutos ou menos suas atualizações.
Zygmunt Bauman falou sobre a transformação das pessoas em mercadoria, dai a pergunta: “Como e para quem estamos nos vendendo?”.
Não sou e não tenho a pretensão de ser o “dono da verdade”, mas acredito que o questionamento, sobre para onde estamos caminhando, deve ser colocado em discussão.