UMA HISTÓRIA DE AMOR

Em meados do século XIV, em Portugal, Dom Afonso IV, antepenúltimo rei da dinastia de Borgonha, era o soberano que comandava o país. O momento histórico não é despido de tensões. Lá vivia Inês de Castro Nascida em Monforte, no ano de 1325, era filha bastarda de um notável cavaleiro Pedro Fernández de Castro, com a portuguesa Aldonza Suárez de Valladares.

O herdeiro do trono português Dom Pedro, após ter recusado várias proposta de casamento, do compromisso com Constança, entretanto, não houve como evadir-se. Casaram-se, mas desde cedo o nobre lusitano deixou-se levar pelos encantos de uma dama - sua prima em segundo grau – uma linda loira de olhos verdes - precisamente, Inês de Castro. Refratário a uniões arranjadas, Dom Pedro desejava mesmo compartilhar sua existência com Inês, situação, a princípio, impedida pela condição de ambos; ele por ser casado e nobre, ela por ser plebeia.

Ainda casado, Dom Pedro travava as escondidas relações amorosas com Inês, logicamente condenáveis. O infante, mais que insatisfeito com o casamento, abandonava a mulher à própria sorte, passava dias na caça, longe de casa, o que a ele valiam muitas críticas do rei, seu pai.

Para contornar a constrangedora situação, Inês de Castro, foi convidada para ser madrinha de Fernando, primogênito do casal Pedro e Constança e futuro comandante dos destinos portugueses. De nada adiantou. Como medida extrema, Dom Afonso IV forçou Inês ao exílio, e esta veio a se alojar no castelo de Albuquerque, Espanha, próximo à raia alentejana.

Em 1354, morre Dona Constança ao dar à luz o terceiro filho. Abriu-se, então, o caminho para que os amantes passassem a viver um na companhia do outro. E foi, de fato, o que aconteceu. Dom Pedro mandou vir da Espanha a sua amada. Passaram a coabitar, uma afronta ao Rei, bem como a grande parcela dos vassalos.

O rei e seus conselheiros passaram a ver perigo nos laços amorosos entre Dom Pedro e Inês de Castro. A razão? Os dois irmãos da bela Inês - Álvaro e Fernando, cujos anseios pelo poder e a ligação estreita com a Espanha, amedrontavam os portugueses.

Dom Fernando, filho legítimo de Dona Constança e de Dom Pedro, vê a sucessão ao trono ameaçada pelos bastardos de Inês.

Incentivado por três de seus conselheiros - Pedro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco -, Dom Afonso IV toma uma medida extrema; decide pela morte da amante do filho. Assim o rei degola aquela que tão cara era ao seu filho Dom Pedro. De imediato, o corpo da vítima foi trasladado para a igreja de Santa Clara.

A reação de Dom Pedro não poderia ser outra senão de revolta. Unido aos cunhados e com um exército considerável, partiu com um desejo mortal de vingança sobre o império paterno, chegando mesmo a impor um cerco à cidade do Porto. Por intervenção da rainha Beatriz, sua mãe, pai e filho acabaram por assinar a paz.

Quando o seu pai Dom Afonso IV morreu, Dom Pedro passa a comandar os destinos de Portugal, e tem, como um de seus primeiros atos, demandar a extradição para seu país dos responsáveis pela morte da bela e amada, Inês.

Em Castela moravam dois dos assassinos - Pedro Coelho e Álvaro Gonçalves, um deles teve o coração arrancado pela frente, e o outro, por trás. O terceiro procurado Diogo Lopes Pacheco, acabou por fugir para a França, escapando da fúria do novo rei.

Dom Pedro declarou como rainha a sua amada Inês.

Dom Pedro revelou a todos que havia se casado secretamente com Inês de Castro. Em face disso o novo rei mandou erguer uma a bela estátua sepulcral, e promoveu o beija-mão e o coroamento ao cadáver de Inês de Castro. O soberano teve o cuidado, ao dispor o seu túmulo e o de sua amada, de postar as lápides não lado a lado, mas pé com pé. Para quando acordarem no juízo final pudesse um olhar nos olhos do outro.