DOAR OU RECEBER?

Doar ou Receber?

Amar ou ser amado? Perdoar ou ser perdoado? Doar, ou receber?

Claro! Receber, ora bolas!

Poderíamos ter por mote uma dessas, ou qualquer outra analogia, para iniciarmos esta conversa.

O detalhe é que nos habituamos, ao longo de todas as eras, a abrir um largo sorriso sempre que recebemos algo - às vezes não importa tanto o que seja, ou se sequer o mereçamos, até.

Mais surpreendente ainda é que, quando isso acontece, não era esperado pelo senso comum, posto que, embora acostumados e mimados com o recebimento de “méritos”, nem sempre nos julgamos à altura da ação.

Por outro lado, dar algo a alguém? Perdoar? Eu, heim Rosa! - Em troca do quê? Surge de imediato o questionamento.

Pois bem: Há pouco tempo fora prejudicado e me sentira injustiçado com o comportamento - despropositado, diga-se de passagem - de uma conhecida, ato esse que já houvera sucedido em situação anterior.

Sem compreender porque a amiga adotara aquela injustificada e reprisada atitude - que, a meu ver, poderia ter sido evitada, de repente ocorreu-me, durante alguns milésimos de segundos, a idéia de que algo adrede poderia ter sido planejado e que, desta feita, eu deveria adotar medidas retaliatórias em defesa dos meus interesses.

Dias após, qual fora a minha surpresa! Lá estava, sobre a mesa de minha sala, um exuberante e encantador arranjo de flores, quiçá o mais belo que já vira.

Para mim não deveria ser, disso tinha certeza, até quando alguém do meu convívio induzira-me a atenção para o atraente e harmônico conjunto de flores! “Pior”! Havia um envelope a mim endereçado, dentro do qual existia um bilhete (escrito de próprio punho - coisa rara, hoje em dia…) onde o remetente, mesmo que veladamente, apresentava-me suas desculpas e, ainda por cima, agradecia pela maneira cordial com a qual eu reagira à atitude que tanto me incomodara.

Confesso a vocês, meus amigos, que aquele momento mágico despertara-me um inusitado sentimento de gratidão e, ao mesmo tempo, um certo acanhamento e autocensura diante da minha reação inicial (agora refletida) quando da ocorrência do lapso cometido por aquela senhora.

Assim, ouso responder à questão objeto desta reflexão: Doar é, de longe, mais gratificante, pois esse sublime ato contempla igualmente o doador (se não primordialmente) e a pessoa-alvo, ao passo que Receber é unilateral e só beneficia o seu destinatário final.

“A cortesia compra a satisfação sem despesa”