UMA VIDA

Por toda uma vida trabalhei em função da educação desde o ano de 1990, quando fui aprovada no concurso do Magistério estadual em primeiro lugar. Sorri para a vida naquele momento, pois havia estudado tanto e a recompensa chegara. Ali eu soube a importância de exercer a profissão tão sonhada . Por isso fiz a faculdade de Letras e dediquei- me a grandes leituras no decorrer do curso. A felicidade daquele dia ficou por muito tempo estampada naquele rosto juvenil. Foram vinte e seis anos, seis meses e trinta e cinco dias de luta por essa profissão tão cansativa e mal remunerada. Digo isso porque, infelizmente, na atual conjuntura, o Magistério ficou tão desvalorizado no decorrer dos anos. Lembro bem de minha infância, onde o professor era reconhecido na sociedade. Hoje, porém, a realidade nua e crua

é de total descaso de nossas autoridades para com a educação em nosso país. Assim foram anos de luta diária por essa profissão à qual não é dado o devido valor nem pelos próprios alunos que tratam seus mestres com total desrespeito.

São jovens que vêm de famílias completamente desajustadas, desestruturadas, sem valores morais. Chega a hora de parar e descansar dessa jornada educativa e árdua, almejando para os professores que chegam felicidade e ânimo para enfrentarem essa juventude tão rebelde e com valores distorcidos da realidade. Pergunto- me: valeu a pena? Claro que valeu, porque, no início da profissão, os alunos eram bem diferentes dos de hoje: eram mais comprometidos . O Magistério sempre vale a pena, pois trabalhar com jovens é um desafio tão grande para o mestre, que levanta a cabeça e enfrenta a juventude com sua sabedoria.

Vera Salbego