INTELIGÊNCIA. A DÚVIDA.

UM EMAIL INTELIGENTE DE QUEM CONSIDERO UM PLENO INTELECTUAL. DÚVIDA.

Celso,

Bela e boa reflexão, própria e condigna do tempo litúrgico da Igreja, que ambos professamos.

O jornalista e ensaísta LUIZ PAULO HORTA, frequentador do Mosteiro de São Bento, quando morreu D. Lourenço de Almeida, publicou, no Globo, onde escrevia, o que vou chamar de seu Réquiem ao beneditino e à família dos pensadores, na qual incluo você...

Disse ele:

"Para essa família de pensadores, o homem é um ser perfectível; é um ser social, que precisa do outro; e é um ser que cresce no processo educativo. Isso é profundamente humano:é o que nos distingue de um animal, que já vem pronto ao mundo, com os seus instintos, e até com sua capacidade de locomoção nos primeiros dias de vida".

E cita Dom Lourenço: "É dentro da estrutura interior do espírito humano que vive e se forma essa carência do outro...

e questiona "se o mundo de hoje favorece essa busca, essa expansão por dentro da criatura humana?"

Melhor ficar na dúvida se favorece, do que na certeza de que, irremediavelmente, não favorecerá.

Abraços Pery.

Pery, “Melhor ficar na dúvida se favorece”, diz o brilho de quem conhece a verdade de forma natural, sem esforço por tombar sob os sentidos. Caminho difícil caminhado por poucos, serenamente, sem alardes, sem hipocrisia.

Foi na dúvida que Descartes descerrou sua primeira verdade inquestionável. “Enquanto duvido de tudo não posso duvidar que estou duvidando”.

Esse “precisar do outro” que você refere egresso de Luiz Paulo Horta é uma das verdades cartesianas. Independente de fortíssimas razões de fé que sinalizaram a educação de meu interior, amparado e guiado pela Virgem Maria, aumentando a vontade de estar mais próximo da verdade sempre difícil, educado pelo processo da dúvida, confesso hoje que você por sua fé sempre foi instigante exemplo para mim. Dessa postura recolhi ensinamentos, de sua caridade pude ver melhor a origem do Cristo e sua escola, e da notória compreensão de que faz ministério melhor entendi as trocas humanas.

“A Revelação não atropela as épocas, nem os costumes. Procede por etapas.”, afirmava o mesmo Luiz Paulo Horta que você cita. Da mesma maneira que Jacques Le Goff sem nenhuma dúvida resgata de forma histórica o incrível personagem Francisco de Assis, vou tentando resgatar o tempo perdido. Um abraço Pery. Celso

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 13/04/2014
Reeditado em 13/04/2014
Código do texto: T4767522
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