SÊ(R) SUPORTÁVEL
Quantas e quantas vezes tive e tenho que calar-me ante às contrariedades da vida. Tenho aprendido que calar é melhor que murmurar e mil vezes melhor que espernear, berrar, gritar.
O silêncio atrai a reflexão, a ponderação, as quais atraem a sabedoria e o conhecimento para saber como escapar de futura situação adversa. Já o murmúrio, o esperneio, o berro e o grito atraem a constante insatisfação, o descontentamento, a rabuge e o ranzinzar, tudo isso torna qualquer pessoa desagradável, malfadado “insuportátil” (rsrsssr, uma mistura de insuportável com portátil, aquilo que se pode levar consigo).
Sou uma pessoa normal, lógico que de acordo com a normal anormalidade humana de estigmatizar ou conceituar outro ser humano como normal. E dentro de minha normalidade, tenho meu círculo de amizades e também tenho a minha amada família, meus amados parentes (outros nem tanto e outros muito menos, afinal sou uma pessoa normal, lembra?!) é exatamente por isso que faço de tudo para não ser uma pessoa “insuportátil”, pois preciso ser suportável e também portátil ao meu semelhante. Muito embora esforçar-se para ser suportável, é quase que insuportável.
Há um dizer de Nietzsche, um filósofo que entre muitos erros, (opinião pessoal intransferível, inalienável, imprescritível), aqui ou acolá acertou
em algumas elucubrações; entre esses acertos existe este: "Um homem de gênio é insuportável se, além disso, não possuir pelo menos duas outras qualidades: gratidão e asseio". Sébastien-Roch Chamfort disse certa vez esta frase que me faz refletir sempre que a leio: "Há duas coisas a que temos de nos habituar, sob pena de acharmos a vida insuportável: são as injúrias do tempo e as injustiças dos homens."