HOJE É O MEU ANIVERSÁRIO

Prólogo

Sim, hoje (13/04/2014) é o meu aniversário! Ora, mas quem se importa com tal data? Quem haverá de me enviar as benfazejas felicitações? Provavelmente o Facebook dará uma mãozinha, mandando um lembrete para seus associados e correligionários, concitando-os no sentido de praticarem a boa ação ou manifestação social aos aniversariantes do dia. Isso é bom e faz parte das relações interpessoais. Todos sabemos, afinal de contas, que o sorriso e a vaidade são inerentes às pessoas felizes.

Não foi em vão que li, e aqui transcrevo, o finalzinho do belíssimo texto-poema de Carlos Drummond de Andrade intitulado “Receita de Ano Novo”:

“Eu sei que não é fácil,

mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.”

Depois de tão profícua sapiência... Como não tentar seguir em frente, calejado e cônscio de que é dentro de mim, latente, que se encontra a tão almejada paz de um Feliz Ano Novo?

RELEMBRANDO O DIA DE ONTEM

Ontem escrevi e publiquei no Recanto das Letras o texto: “SESSENTA E CINCO ANOS”. Na ocasião escrevi solene: “(...) É por isso que posso até gritar se preciso for: COMPLETAREI AMANHÃ (13/04/2014) SESSENTA E CINCO ANOS DE IDADE, MAS, COM A CERTEZA DE QUE ENVELHECI COM DIGNIDADE! (...)”. Abaixo o endereço do texto:

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4766418

Hoje farei uma tertúlia onde os convidados de honra são meus leais amigos Jade e Hulk. Não sobejará e tampouco faltará: Ração da melhor qualidade, vinho, queijo, sorvete, sucos, bolos e refrigerantes... Tudo isso apenas para Eu e os ilustres convidados. Desperdício? Para alguns talvez, mas, para mim, não! Gosto de fartura.

A família (Esposa, filhos, irmãos, genros, noras, netos e sobrinhos) está dispersa por conveniência trabalhista e minha atividade laboral. Apenas houve uma coincidência, mas a festa acontecerá com as mentes em sintonia e o valoroso auxílio das comunicações (telefônicas e computacionais).

CEM ANOS DE SOLIDÃO

Sei que não estou escrevendo bobagem, pois faço-o mais para mim do que para os outros. Todavia, tenho uma absoluta certeza: Arte por meio da escrita é o que fez o colombiano Gabriel García Márquez em sua obra definitiva, “Cem Anos de Solidão”. Construiu a história latino-americana tão repleta de guerras e solidão a partir da árvore genealógica de uma família.

Por isso... Estando só, depois do frugal “comes e bebes” com meus cachorros, darei continuidade à leitura do livro “Cem Anos de Solidão” ouvindo boas músicas (Yanni, Enya, Inessa Galante, Loreena mcKennitt, e outras músicas para a reflexão). O dia será musicado e iluminado. Não são todos os dias que se completam sessenta e cinco anos gozando de prestígio dos familiares e seletíssimos amigos (as).

COMENTANDO O EXCELENTE LIVRO DE GARCIA MÁRQUEZ

Em “Cem Anos de Solidão” tem-se uma história cheia de fatos e personagens, na qual o leitor, ao final do livro, já se sente um Buendía (família protagonista). Ao lê-lo, percebemos o tamanho da solidão humana, que é irremediável, porém, adiável.

Creio que no mundo inteiro, nos lares, asilos, manicômios, ruas e vielas há muitos idosos abandonados por seus familiares, amigos, e, pelo próprio governo. Não me sinto abandonado, mas, hoje (13/04/2014), ao completar sessenta e cinco anos de idade, estou só!

Que atire a primeira pedra quem nunca disse que não quer morrer só, pois uma vida só é só uma vida, mas ao final percebemos que muitas pessoas vão e muitas vêm, só você fica. E essa é a intenção do livro, mostrar a solidão como algo inerente ao ser humano, que não é necessariamente um motivo de tristeza, mas sim de reflexão.

Hoje, mais do que ontem, estou reflexivo, talvez nostálgico no embalo das músicas próprias para esse fim. É válido doar sua (minha) vida aos outros, apesar de tudo? SIM! É claro que sim. Por nossas famílias todo sacrifício será pouco, irrelevante, quando vemos o progresso de todos e os sorrisos dos filhos e netos.

Afinal de contas a felicidade é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude são transformados em emoções ou sentimentos que vão desde o contentamento até a alegria intensa ou júbilo. Estou só, mas feliz e em plena harmonia física e espiritual.

Durante a leitura do livro (Cem Anos de Solidão), o leitor não consegue pensar em mais nada, cem anos se passam, e nada fica. Eu recomendo sua leitura, com louvor, por ser um dos melhores livros de todos os tempos.

UM PRESENTE COM UM POUCO DE HISTÓRIA

Ah! Hoje resolvi presentear todos os aniversariantes do dia com um texto extraído da oração proferida na solenidade realizada na Faculdade de Direito de São Paulo, pela OAB/SP, em homenagem aos bacharéis em Direito com mais de 50 anos de exercício. O discurso foi depois impresso com o título de "Saudade das Arcadas".

As gerações de bacharéis veteranos concorreram para a formação do mais rico folclore acadêmico, ou melhor, para o que se chama de suas "tradições". Foram os estudantes de uma turma próxima de 1930 os que criaram, um dia, o popular "pique-pique", que atualmente todos cantam nos dias festivos.

Poucos conhecem a sua singular origem. Escreveu Guilherme de Almeida, a que se reportava o querido amigo Lauro Malheiros, em seu comovente livro de memórias intitulado "Rosas no Inverno", que três estudantes, da turma que colaria grau em 1927, eram então amigos inseparáveis nas horas de boemia. Um deles – Ubirajara Martins de Souza – usava um extraordinário bigode de pontas finas e retorcidas para cima e por isso era apelidado de "pique-pique".

Outro, era Mário Ribeiro da Silva, "inteligência viva e afinado senso de humor" e que apreciava desconsertar os interlocutores mais austeros, interdizendo no meio das conversas frases desconexas, como esta: "Veja você, heim? Meia hora...". O terceiro era Aru Medeiros; e juntos constituíam o grupo do "Pudim"...

Numa noite em que bebericavam o seu "chope", no bar Pérola do Douro, sendo aniversário de Ubirajara, Mário o brindava, gritando: "Pique-pique, pique-pique, pique-pique". Retrucou, então, Ubirajara: "Meia hora, meia hora, meia hora". Daí, para emendar com "Rá-rá-tchin-bum", foi um relâmpago. Estava criado o hino do "Pudim", o grito de guerra de toda a estudantada.

Recordou Guilherme de Almeida que "no dia seguinte visitava a Faculdade de Direito o Marajá de Kapurtala. Entre outras manifestações, recebeu nas bochechas ilustres, berrado de perto, o primeiro ‘pique-pique’ oficial. Gostou e manifestou alto interesse pela harmonia e sugestiva língua falada no Brasil"...

Concluiu Lauro Malheiros – "foi assim que nasceu o 'pique-pique’ em São Paulo. Entre estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco".

CONCLUSÃO

Quero concluir este texto transcrevendo uma linda mensagem de aniversário que recebi de meu dicotômico Henrique antes mesmo de Eu me levantar da cama e escovar os dentes:

MENSAGEM VIA CELULAR DE MEU DICOTÔMICO HENRIQUE

"Como poderei homenagear você, se todas as formas parecem simples, diante do que você merece. Hoje é seu aniversário e eu gostaria que você sentisse algo especial no peito, uma vontade de viver, uma alegria incontrolável, uma satisfação por estar completando mais um ano de vida, com quase todos os sonhos realizados.".

"Parabéns jovem amigo velho Wilson, que possa ter muitos anos de vida, abençoados e felizes, e que estes dias futuros sejam todos de harmonia, paz e desejos realizados. Que seu coração, esteja sempre em festa, porque você é um ser de luz e especial não apenas para mim, mas para tantos quantos outros que você ajuda de forma incondicional.".

"Desejo que seu caminhar seja sempre premiado com a companhia de Deus, guiando seus passos e intuindo suas decisões, para que suas conquistas e vitórias, sejam constantes em seus dias. Que continue proficiente e saudável. Parabéns por hoje, mas felicidades sempre. Fazer aniversário é sentir nascer uma esperança de dias melhores e você vovô, tem contribuído muito pela união da família.".

"Por isso me orgulho tanto, por estar parabenizando este grande homem que é. Continue acreditando, sonhando, e um dia, tudo será como você quer e merece. Tudo se encaminha para um desencarne em harmonia. E quando ocorrer essa esplendorosa explosão de luz e musicalidade Eu estarei ao seu lado, como sempre estive desde 28 de março de 1949, aprendendo sobre a vida e lhe ensinando sobre esperança.".

"Feliz Aniversário vovô, conte com meu carinho, sei que sabe bem mais do que eu a excelsa benevolência do criador quando nos concedeu a honra de nos protegermos um ao outro. Sou apenas um privilegiado por respirar o ar que respira e ter tido a sublime felicidade de ser concebido como seu dicotômico.".