WOUNDED KNEE, O JOELHO FERIDO
O governo dos Estados Unidos da América vinha demonstrando interesse pelas terras dos índios Lakota (uma divisão da nação Sioux) que vivem numa reserva indígena do estado de Dakota do Sul. Os Lakota possuíam enormes rebanhos de bisões que foram caçados pelos imigrantes europeus, sendo quase extintos, e os tratados feitos pelo governo para proteção da reserva indígena dos colonos nunca foram respeitados pelo próprio governo resultando em tumultos generalizados nas reservas.
Na época surgiu um movimento religioso entre os índios denominado Ghost Dance que consistia na união entre viventes e espíritos dos mortos, fundado pelo líder religioso Wovoka (ou Jack Wilson), um Paiute do Norte. Wovoka tinha a fama de grande feiticeiro. Wovoka teve uma visão de que Jesus Cristo voltaria havia voltado à terra como um americano nativo, que o homem branco iria desaparecer das terras indígenas e que as grandes manadas de bisões assim como quaisquer outros animais caçados pelos índios retornariam em abundância e os fantasmas dos antepassados também retornariam à terra. Que todos viveriam em paz.
Com tudo isso, o governo e os colonos se alarmaram com o que poderia significar um ataque em massa dos índios das reservas. As autoridades do governo resolveram prender alguns chefes indígenas no intuito de acabar com o que chamaram de “manias do Messias” e enviaram destacamentos de polícia para prender o grande chefe Sitting Bull (Touro Sentado).
No dia 15 de dezembro de 1890 um destacamento de 40 policiais chegou até a tenda do chefe Sitting Bull para prendê-lo, quando multidões de índios se reuniram em protesto. Um tiro foi disparado em direção aos captores de Sitting Bull matando o soldado que o segurava. Mais tiros foram deflagrados matando o chefe Sitting Bull e mais outo indígenas. A partir daí se iniciaram as represálias do governo contra os indígenas.
No dia 29 de dezembro de 1890, perto da localidade de Wounded Knee, na reserva indígena Lakota, houve uma terrível batalha entre as tropas estadunidenses do Sétimo Regimento de Cavalaria, comandadas pelo Major Samuel Marmaduke Whitside e a nação indígena Lakota. A intenção do exército dos Estados Unidos era desarmar os Lakota. Ao tentarem desarmar um índio de nome Black Coyote se depararam com a negativa do mesmo. A partir daí os soldados do Sétimo Regimento de Cavalaria começaram a atirar nos indígenas e a tocar fogo em suas cabanas. Foi uma batalha sangrenta que resultou na morte de 150 homens, mulheres e crianças Lakota e 51 feridos. Conta-se que na realidade foi um total de 300 índios mortos.
Numa guerra desigual foram dizimando os indígenas, eliminando até mulheres e crianças, sendo criticados duramente pela opinião pública, consistindo assim em uma vergonha para o governo, portanto, sendo esse o último conflito sangrento entre índios e governo americano o que não significou que cessaram as cobiças de colonos pelas terras indígenas.
Apesar de tudo, no dia 27 de fevereiro do ano de 1973, após muita violência na reserva, houve uma revolta que durou 71 dias quando indígenas ativistas armados invadiram a cidade de Wounded Knee, o que atraiu atenção para os problemas dos indígenas americanos. Após o massacre de 1890, Wounded Knee ficou sendo considerado o maior símbolo da luta pela sobrevivência dos índios nos Estados Unidos da América.
Os indígenas sempre repudiaram a sociedade do homem branco por tentar destruir a sua cultura e espiritualidade. Eram inaceitáveis os ataques às culturas e identidade dos indígenas, os ataques de empresas multinacionais à cata de recursos naturais em suas terras e o depósito de lixo tóxico e radioativo em suas terras.
Já havia na reserva uma disputa entre os indígenas tradicionalistas (de sangue puro) e os progressistas (mestiços). Os mestiços eram detentores do apoio ao governo federal e se apropriavam dos recursos destinados à reserva. Os tradicionalistas fazem parte de uma organização a MIA (Movimento Indígena Americano) que defende a conservação da cultura. E o governo instalou um mestiço para trabalhar como espião, o Oglala (outra divisão da nação Sioux) Richard Wilson, nomeando-o presidente do conselho tribal. Mas o fato que realmente acendeu o pavio da revolta foi quando um homem branco que havia matado um índio foi condenado por homicídio doloso (e não culposo). Os índios então proclamaram a independência nação Oglala, extinguindo os conselhos corruptos incentivados pelo governo dos Estados Unidos e reivindicando a devolução das montanhas Black Hills.
Com tudo isso, o governo dos Estados Unidos enviou tropas do exército fortemente armadas, carros blindados e helicópteros para cercarem os índios, resultando num saldo de 500 presos e dois índios mortos. Muitos feridos de ambos os lados.
Acreditando nas falsas promessas do governo os índios se entregaram 71 dias depois do início do conflito. Como não houve cumprimento dos tratados por parte do governo, que foi violento com aqueles considerados suspeitos, os conflitos continuaram até o ano de 1975 com a morte de 60 índios.