MINHA VIDA NÃO SE RESUME AO RECANTO DAS LETRAS
 
Qualquer pessoa cujo cotidiano está comprometido com trabalho, família e estudos, além de atividades socioculturais, não pode dedicar-se integralmente a uma prioridade, ainda que seja ao prazeroso Recanto das Letras. Esta é a regra do padrão de vida “normal” dos ativos em idade produtiva.

Fora desse esquema, e sem perder a peculiar naturalidade, estão os aposentados aos quais me recuso a chamá-los de “inativos”, pois deve-se assim considerar quem nada produz. Os que oficialmente já não trabalham, de algum modo ainda produzem, especialmente no campo intelectual. Há honrosos exemplos no citado Recanto que os acolheu.

Noutra vertente estão os ociosos, desocupados ocasionais ou por opção, a estes aderindo os que não sabem viver integralmente o tempo de que dispõem. O fato é que só fica parado quem quer, acumulando a ferrugem do ócio. É claro que, em qualquer circunstância, o usuário do RL tem nele uma opção e, se a ele se dedica, espera-se então que realmente seja uma saudável maneira de transformar o ócio em útil.

Não posso particularizar-me. Estou entre aqueles de que trata o primeiro parágrafo. Dia a dia esforço-me para ser um bom profissional, bom marido, bom pai, bom amigo, e dar qualidade ao que escrevo. Além disso, por dever de ofício e prazer pessoal, surgem o inesperado e o programado. Então, se alguma diferença houver, mesmo assim não me tornará único, mas sentido. Não posso corresponder a todos, embora leia a muitos. Isto não é uma obrigação de fazer ou de não fazer. É manifestação espontânea. Minha vida não se resume ao Recanto das Letras. Contudo, essa relação com os leitores é a distinção de uma gentileza obsequiosa.

Não peço leituras, não exprimo o suplicante “visite-me”. Não envio links para leituras de textos. Mas recebo muitos. Não poderia estabelecer esta comunicação, como é limitada a minha produção, que não é diária. Vou pouco às escrivaninhas e não condiciono meus comentários aos que recebo. É uma correspondência natural e oportuna. Natural, porque de texto para texto; não à pessoa. Oportuna, porque movida a afinidade. Então, vai além da ausência, supera a espera. Por isso, escrever é um ato que faço de ofício e de bom gosto, como outros que a vida me dá em bom tempo.

_____
LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 12/04/2014
Reeditado em 12/04/2014
Código do texto: T4765960
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.