AS ROSAS FALAM
Lembro que foi em 2013, no dia dos namorados. Comprei-lhe num sei mais o que foi. Talvez uma biju ou um mimo qualquer, não recordo, mas o que ela me deu, jamais esquecerei. Nunca esquecerei aquele sorriso expressivo, mais parecia um poema de Vinicius de Morais. Ela me entregou um lindo buquê de rosas. Tive uma reação estranha. Sei que ela notou. Jamais recebi presente igual. Jamais pensei que alguém me daria rosas. Fiquei sem jeito. Meu sorriso amarelou. Eu não sei receber rosas de presente. Minha mente machista desorganizou-se, não estava preparada para tal momento. Inimaginável. O desmonte do meu corpo e mente rematou quando ela me disse: “Procurei uma maneira de dizer o que sinto por você e essa foi a melhor forma”. Confesso que ainda hoje não me recompus. Preciso escrever para tentar voltar ao normal, preciso consertar aquele momento bizarro para mim e certamente decepcionante para ela. Quero mudar o passado, pois passado se muda pela alteração dos significados. Preciso dizer que entendi. Sim, eu entendi a mensagem. Enganou-se Cartola, as rosas falam além de exalar o perfume que roubam daqueles que as doam. Eu compreendi como é seu amor por mim, é igual àquelas rosas, um buquê de beleza, uma ramalhete de carinho, um poema em botões que floresceram dentro de mim.
Talvez ela nunca mais me dê rosas. Tudo bem, por um lado acho até bom, não que não tenha gostado daquelas, mas será interessante para não corromper aquele momento, que não ficou no passado. Ainda está vivo, as rosas não murcharam e não se calaram. Outras rosas não poderão falar mais que aquelas.
Eu só queria que ela compreendesse que eu ouvi a voz das rosas. Eu entendi. E só sou capaz de entender porque a amo com o mesmo amor que ela me ama.