Sonhei que eu era um dia um matador

Sonhei que era o dono do mundo, e como todo mundo que tem o poder absoluto, fiquei sendo um ditador sanguinário e ruim que só a peste. Resolvi resolver o problema da superlotação do mundo, que tem gente demais nessa joça.

Meu assessor para assuntos de controle da natalidade, o protozoário Ameba, apresentou relatório onde prova por A mais B e C e demais letras alfabeticionárias que esse papo não cola. Ninguém está disposto a deixar por menos e fazer sexo seguro, que sexo é meio assim como roleta russa: sem o perigo iminente não tem tesão na gente. Portanto, mandei baixar o plano B, que é simples como a filosofia da Popozuda: o jeito é matar gente, eliminar uma terça parte dos humanos para dar lugar nas filas e nos estacionamentos e abrir vaga no Bolsa Família.

Convoquei meu conselho ministerial, presidido pelo poeta Maciel Caju, um sujeito rigorosamente ético que apresentou seus critérios para diminuir a humanidade. Poderíamos começar eliminando os torcedores do Campinense e do Botafake, excetuando o compadre Efigênio Moura, um cara acima do bem, do mal e do mais ou menos. Sim, foram incluídos na lista as pessoas que não gostam de sexo nem de sapoti. Afinal, pra que eles queriam continuar vivendo? Acompanhando esse raciocínio, daríamos uma mãozinha a quem está a fim de um suicídio, vide o pessoal da Suécia, Dinamarca e outras paradas onde tudo é muito perfeito e o povo de lá vive de saco cheio com tanta facilidade.

E aí, meu caro leitor, minha honesta e dócil leitora? Alguma sugestão para quem deveria ser eliminado? No meu sonho, abrimos o debate com o público que mandava suas sugestões. Muita gente querendo o fim dos pagodeiros, funqueiros e sertanejos, todos enforcados nas tripas dos forrozeiros de plástico. Outros gostariam de eliminar os roqueiros e os rosqueiros. Nessa laia de gente sem piedade, havia os racistas que queriam uma bomba na Argentina, sumariamente eliminada do mapa com papa e tudo. A minha ministra para o prazer erótico, Madame Preciosa, também foi ouvida e cheirada. Conforme seu plano, alguns homens deveriam ser mantidos vivos para experiências pseudo científicas com o fim de ensinar a cultura do sexo sem fins reprodutivos como fazem os pinguins e os golfinhos, animais sábios que controlam com prazer suas populações.

Em consideração a Sonsinho, riscamos a sugestão de eliminar os sujeitos mentalmente limitados. Você quer saber sobre os políticos? Que é que tem eles? Aí seria a solução final, porque pra acabar com os políticos teríamos que assassinar a massa que os elege, ou seja, eu, você e seu vizinho. Por isso, liberamos os políticos de uma vez por todas para eles continuarem sua obra, que afinal tem tudo a ver com nossos objetivos. São eles que, por exemplo, costumam desviar o dinheiro da saúde com compra superfaturadas de medicamentos e serviços, matando pessoas inocentes nos corredores dos hospitais que não têm nem uma ambulância como o de Itabaiana do Norte. E vai por aí. Esse povo a gente deixa em paz.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 10/04/2014
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