Não deixe o chifre nascer!

Enxergo como paradoxo dizermos que a mulher de um casal botou chifres no marido. Ora se qualificamos como “vaca” a mulher adultera, o chifre quem vai carregar é ela. Então tchau para o problema. De outro lado também é paradoxo o homem adultero colocar chifre na mulher amada. Quando ele não se satisfaz com o pasto que tem, o próprio costuma vangloriar e auto-intitular como touro reprodutor, ou pelo menos sentir-se com tal. Pula a cerca e haja “nheco nheco” em curral alheio, só fazendo ser mais vistoso seu chifre. Perceberam? O marido que trai é invariavelmente o chifrudo!

De todos os meus seis convívios sustentáveis configurados como lar, que me renderam nove filhos, de Manaus a Guanambi, são distribuídos pelos seguintes resultados: Duas viuvezes (por favor, não matei ninguém!) Duas separações consensuais – chegamos ao consenso que eu era muito chato; e um “cagamento” falido com direito a chifrada. Ela, a “vaca de duas pernas” é que ganhou o chifre, eu apenas senti as dores. Não há quem não sinta a dor “parto deste casamento para buscar a construção de um novo amor!”. Sempre eu digo que amor não existe, é uma construção que pode ruir e virar pó, que deve ser varrido antes de um novo alicerce.

Meu sexto casamento está de pé, e a montante ou a jusante está tão firme como uma obra de engenharia que nunca tenha passado pelo escritório do Sérgio Naya, vulgo "O Demolidor". Fruto deste verdadeiro casamento são duas deliciosas filhas, que me deliciam em cada arte produzida. Sonho que elas sejam artistas plásticas, mas por enquanto só riscam as paredes, e fazem esculturas de barro molhado em cima do tapete novinho, comprado na última semana. Tenho vontade de dar umas boas palmadas, mas para que? Tapetes compram-se em lojas, filhos e filhas só a cegonha nos trás, e ouvir dizer que as cegonhas também dependem dos controladores de vôos e estão com longos atrasos. Vou perder minhas filhas em troca de meras palmadas?

No casamento, sei pelas experiências adquiridas, que os dois do casal devem ser livres, sem cercas. Quando não existem cercas, como vamos pular a cerca? Casamento é coisa séria, ciúmes excessivos, desconfianças, masoquismo, só trazem fragilidade ao casamento e proximidade do “tchau”. Conheci um homem que ao chegar a sua casa, apelidada de "doce lar", como rotina diária verificava o guarda-roupa, creio que na esperança (só pode ser) de encontrar um homem pelado entre os casacos pendurados. Um dia ele caiu no exagero; abiu e verificou as gavetas de uma cômoda. A mulher já pronta para estourar extravasou: “Pêra ai, estas pensando que eu te traio com um anão?”, Foi embora a sua amada e ele ficou de bico na cachaça malvada!

Liberdade é apenas rima de liberalidade que é prima da libertinagem, nunca sinônimo! Colchões lençóis se compram em lojas e os trocamos na hora que acharmo-los manchados. Às vezes até os alugamos por uma hora, Mas amor é coisa difícil, e nem Papai-Noel traz, portanto perde-lo causa um grande vazio. Então só há um jeito de um homem ou uma mulher evitar coçar a cabeça. Não deixar o chifre nascer, sendo fiel ao principal princípio do amor: Tolerância! E, também, ter e permitir a liberdade com responsabilidade!

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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia, e é feliz com uma dúzia de anos já vividos em seu último casamento.