Clara, a beatlemaníaca
Clara chegou em casa cansada e mal humorada. Acabara de ressuscitar.
Teve um dia tão nublado que havia se esquecido a cor do sol; sua esperança.
Deitou-se....
Beatlemaníaca que era, selecionou algumas músicas em seu mp3 e partiu para um mundo de viagens musicais e poéticas.
Esqueceu-se...
Desligou-se...
Gritou por socorro e, logo, o pesadelo da vida real tornou-se um lindo sonho acordado.
Imaginava um mundo onde as pessoas viveriam em paz, sem religião, sem motivos para matar ou morrer.
Sentia-se como Jude: Estava desanimada e esperançosa ao mesmo tempo. Um misto de sensações que só sentia em momentos como esses.
Por alguns instantes estava morta para sua vida que nada tinha de viva. E, nesta morte, encontrou-se consigo. Finalmente Vivia!
De repente, bateu-lhe uma saudade de sua infância, onde os problemas pareciam tão distantes de si.
"Ontem essa sombra não pairava sobre mim", pensava.
Adormeceu...
O sonho que antes sonhava acordada, tornou-se mais intenso, sincero e real. Seu inconsciente, revelava-lhe as verdades que insistia em ocultar.
Incomodou-se com o que viu...
No dia seguinte, acordou atrasada.
Correu para o banho, tomou café rapidamente e correu, novamente, para o ponto de ônibus.
A caminho do trabalho, tinha a sensação de que estava indo a seu próprio velório.
Todo dia, Clara morria as 8 da manhã. Mas, para sua esperança, sempre ressuscitava as 18.
"Clara, não ligue
se o dia tá nublado
Clareie a vida com a luz
que existe em você"