O ÚLTIMO MINUTO DE VIDA

Acordei de manhã decidido a vê-la.

Visitar um cliente foi apenas um pretexto.

A frustração no final do semana foi grande.

Sabia que nada seria capaz de amenizar a dificuldade que eu estava em digerir o motivo de não poder ter encontrado aquela linda mulher no final de semana.

Como sempre acontecia quando eu estava a caminho do lugar onde ela trabalha, eu sentia a tensão percorrendo cada veia do meu corpo.

O coração batia descompassado. Mesmo com um calor forte eu sentia um frio na espinha.

Eu que já sou ansioso por natureza fico simplesmente irracível quando penso em como será vê-la novamente depois de tanto tempo.

O celular tocou jogando de lado os meus pensamentos e devaneios, e foi inevitável lembrar do tempo que nos encontrávamos na hora do almoço. Aquela voz feminina, linda e suave foi como um sopro em minha alma desértica, e acabei por viajar no tempo.

Quando liguei avisando que havia chegado, novamente senti a sua voz invadindo o meu ser, e fui capaz de jurar que era a mesma voz de quando amavamos um ao outro.

Pouco tempo depois eu estava parecendo um adolescente na espera pelo primeiro encontro.

E então eu a vi. Primeiro foi o movimento dos seus cabelos dourados, aqueles cabelos que eu amava sentir escorrendo pelos meus dedos. Um dourado natural, totalmente diferente das tintas que cobrem a cabeça da maioria das mulheres.

No segundo seguinte, que pareceu uma eternidade, pude vê-la por inteiro. O corpo esguio sob um vestido creme justo, mas elegante, sem nada de vulgaridade, mas com sensualidade extrema na medida certa.

Ela sempre prezou o fato de não gostar da vulgaridade. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que ela me disse que achava vulgar as mulheres que deixavam aparecer a calcinha, justamente logo após eu ver um pedacinho de sua calcinha branca que apareceu quando ela saiu do banco do passageiro do meu carro após abrir a porta.

Controlei-me ao máximo, o quanto me era permitido enquanto beijava o seu rosto, e sentia o calor de seu corpo num abraço meio desajeitado.

Senti o cheiro delicioso de seu perfume invadindo minha alma.

Jamais um cheiro foi capaz de trazer tantas doces e deliciosas lembranças.

Se o amor tem cheiro, este cheiro está no perfume que combina à perfeição com seu corpo.

Se o amor tem gosto, este gosto está naqueles lábios finos e delicados, que soltam palavras assim como o céu expele estrelas.

Com ela andando a minha frente meus olhos enlouquecem ao observar aquele andar sexy, delicioso e inevitavelmente provocativo por natureza.

Procuro seus quadris, e desesperadamente procuro na minha mente a imagem de seu belo bumbum, duas pequenas montanhas lindas de exuberante prazer.

Meu Deus, dai-me força pra aguentar olhar essa mulher sem poder tocá-la, e controlar todo o meu desejo, como um vulcão obrigado a guardar suas larvas incandescentes.

Enquanto conversavamos lada a lado era difícil prestar atenção no que ela me falava. Em certo momento eu me peguei apreciando cada detalhe do seu rosto, dos seus olhos, da sua boca, do seu nariz, das suas orelhas e do seu cabelo, sem ouvir uma palavra do que era dito. Foi quando me senti em outra dimensão, e por um segundo, não mais que um segundo, voltei pra aquele mundo lindo que era só nosso.

Sinto o tempo correndo pelos dedos enquanto ela olha impaciente no relógio.

A hora de ir embora estava chegando,mas eu sabia que aquela visão maravilhosa continuaria comigo pra sempre.

Despedimo-nos com mais um abraço desajeitado, e enquanto ela se afastava aquele turbilhão familiar invadiu meu corpo, minha mente, me tomando em assalto com violência e extase de tal maneira que só aquela mulher é capaz fazer.

Enquanto ela andava eu pensava. Se aquele minuto fosse o último de minha vida, eu teria gasto correndo para tê-la em meus braços, em meus lábios e no meu coração.

Deep Blue
Enviado por Deep Blue em 07/04/2014
Reeditado em 08/04/2014
Código do texto: T4760114
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