"HERÓIS E MITOS" MOVIDOS POR CONFLITOS OU CARÊNCIAS EXISTÊNCIAIS

Assim como os amores interrompidos no início de forma trágica, ou por um motivo maior, ficam parecendo os amores que seriam perfeitos, pois não chegaram a passar pelo crivo da rotina do dia a dia, assim também muitos se tornam "heróis ou mitos" só porque tiveram uma morte prematura também na sua luta.

Um exemplo clássico que se tornou um mito para muitos foi Che Guevara, mas não acontece o mesmo com Fidel Castro, que lutou com ele de igual para igual e que vai morrer de velhice, pois a longevidade mostra os defeitos de cada um, ou no caso de guerrilheiros, a sua tendência à tirania, após a conquista do poder, e isto desmitifica-os.

Ninguém se torna um mito ou herói se morre babando e usando fraldas geriátricas.

Temos corredores de fórmula Um que foram tão ou mais campeões que Ayrton Senna, mas que se obscureceram na rotina do dia a dia, após encerrarem as suas carreiras de sucesso, como os nossos compatriotas Nelson Piquet ou Emerson Fittipaldi, ou como Schumacher e Alan Proust, que eram muito mais frios na competição.

Muitos destes heróis, ou pessoas arrojadas no dia a dia, são movidos por algum conflito existencial ou emocional e vivem em uma necessidade de adrenalina acima da média e acabam se tornando exímios ou arrojados no que fazem e por isto se destacando.

Não gostar de Ayrton Senna era difícil, mas é da característica humana gostar de pessoas que nos passam um ar de desamparo, de desolação, mas que são vencedores, são reagentes, e dão a volta por cima, e ele era um solitário na formula Um. Quando ele ganhava uma corrida, ele estava se auto superando, como se ele fosse o seu único adversário, os outros eram apenas coadjuvantes.

E assim tem muitos anônimos por ai, arrojados no dia a dia. Muitos vão para a  criminalidade, outros se tornam conquistadores contumazes, nunca se prendendo a ninguém, outros em artistas com dezenas de relacionamentos como foi Chico Anízio, declaradamente depressivo, ou Vinicius de Moraes, sempre carente de afeto e por isso tantas  namoradas e esposas e tanta boemia.

Assim também temos muitos altos executivos ou outros artistas exponenciais como foi Van Gogh, ou pessoas tremendamente lúcidas e articuladas como foi Paulo Francis. 


Todos estes estados alterados podem ser mantidos por bastante tempo, até a vida inteira, mas exigem uma energia extra constante para serem mantidos neste nível de stress, muitas vezes aplacados pela bebida ou drogas, e isto muitas vezes cansa e quando derruba, derruba mesmo.

Ayrton Senna tinha muito de melancólico e depressivo  fora das pistas, e as poucas namoradas, além de complicadas, que teve, também demonstravam isso.

Xuxa teve um caso platônico com Ayrton e se encaixa bem no caso de atração pela igual espécie da carência, que se tornou evidenciado depois dela assumir os abusos sexuais que teve na adolescência.

Esta atração pela igual espécie, da precariedade emocional, desperta em muitas mulheres carentes um sentimento maternal que confundem com amor, e por isto estas relações não se sustentam e ficam parecendo que aquele foi o grande amor da vida delas, mas é ilusão.

Um ser humano que não se sente completo, que não é feliz consigo mesmo, não pode dar felicidade plena a outro.


A superação destas carências é uma tarefa isolada, tem que vir de um esforço íntimo, pois não haverá relacionamento sustentado e maduro enquanto não se houver conseguido este equilíbrio íntimo, enquanto não superar este estado íntimo lacrimoso e dependente.

Já outros que foram abusados sexualmente, ou tiveram uma frustração neste sentido acharão que é pelo sexo que atingirão o amor como foi o caso de Marylin Monroe, cuja vida era mantida por barbitúricos, drogas e álcool.

Assim como ocorrido com Elvis Presley, que todo mundo tinha como um homem de sucesso, muitas mulheres, fama e dinheiro, mas que morreu tremendamente sozinho e também a base de drogas para suportar a sua vida desastrosamente infeliz.

O fato deles, apesar de tanta demonstração de infelicidade, ainda serem tidos como pessoas de sucesso e invejados, só mostra a distorção de valores existente na nossa sociedade materialista.
Todos olham para o sucesso deles, mas não para a infelicidade que os norteavam.


O que estas pessoas não dariam para terem um pouco de paz no seu íntimo nenhum de nós tem condição de dimensionar.

E para personalidades competitivas como Nelson Piquet desestabilizar o lado emocional dos adversários faz parte do jogo, e devido a isso ter feito insinuações referente à vida particular de Ayrton Senna.

Muitos tidos como grandes heróis históricos, ou também anti-heróis, assim foram considerados, pelas atitudes ousadas que assumiam, ou pela crueldade que praticavam e, a morte, nestes casos, é o menor dos problemas.

Ayrton Senna tinha esta coragem de reagente, assim como James Dean e a história particular deles demonstra isso.

Já Marlon Brando, na mesma época, passava a mesma imagem de coragem e rebeldia que James Dean, mas morreu de velho e não ficou o mito, mas soube, na hora certa, sair dos holofotes e voltar a ter uma vida privada novamente.

Assim como a bebida, muitos usam  as drogas para aplacar estes sofrimentos indefinidos e estes se viciam com muito mais facilidade e morrem por ai, como foi o caso de Kurt Colbain do Nirvana, ou Jin Morrison do The Door e mais recentemente Amy Winihouse.

Muitos pais não entendem porque um filho toma o caminho das drogas enquanto outros tem uma vida normal, mas a resposta para esta pergunta não está na formação educacional, mas no conhecimento que se perdeu das tantas vidas que já tivemos antes desta e onde se encontra a origem da maioria dos problemas anímicos que muitos possuem.

Nunca foram interpretadas direito as frases a seguir de Jesus, pois sem futuras novas vidas elas não seriam verdades, ou alguém viu algum politico pagar devidamente pelos crimes que cometem?

“Que suas obras os seguirão” ou a de que “O que o homem semeia isto ele colherá’, e que estão melhor explicadas para os tempos atuais na Mensagem do Graal “Na Luz da Verdade”, de Abdruschin,

Morrer sem superar os problemas anímicos que temos só vai nos levar para uma vida futura  igual ou pior, pois acrescidas dos vícios que adquirimos aqui, ou pela responsabilidade de uma vida interrompida por motivos banais, como os astros citados acima, que equivalem a suicídio.

A raiz do problema não foi resolvido, foi levado na alma que é onde está o mundo emocional e as características mais fortes da nossa personalidade, e que não se findam com a morte.


Por isto, em boa parte, tem tantas pessoas com tantos problemas psíquicos, desde que se conhecem por gente, sem explicação aparente e sofrendo tanto por ai, mas não existem injustiças, tudo é causa e efeito nas vidas. O motivo quimico/biológico/genético é só o gatilho físico para desencadeá-los.

Quantos seres humanos encarnados não se veem na frente das suas estátuas, ou ouvindo suas músicas, ou apreciando as suas obras, onde foram vistos como mitos ou heróis e nem se dão conta disso, ou como alunos que ficam estudando a vida de alguém do passado sem saberem que foram eles mesmos.

Quantos guerrilheiros frios e sanguinários, ou tiranos (mesmo os anônimos do dia a dia) cruéis do passado, ou religiosos sádicos e radicais (lembram das fogueiras?) ou outros que insuflaram o medo para manterem a sua influência e poder estão hoje, nesta vida, com tremendos medos anímicos e fobias sociais hediondas e não tem consciência de que ter sido aquele "herói corajoso", ou aquele "religioso famoso",  foi o que deu origem aos seus sofrimentos atuais.


‘Com a morte do corpo, não morrerá uma só partícula da alma. Isso mostra com toda a simplicidade que cada um existe por si só, não ocorrendo qualquer mistura’. Abdruschin em Na Luz da Verdade  –  O beijo da amizade -  www.graal.org.br