O DESVELAR DO MUNDO DE UM ESCITOR

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A vida de quem escreve se esconde por trás outro mundo a ser descoberto e revelado porque tudo o que a autor pensa e expõe tem uma razão de ser, um motivo, uma causa e um desejo e objetivo a atingir. Se não se conhecer esse mundo e a época em que foi desenvolvida uma teoria, rever o momento político e histórico que o autor a criou e desconhecer a motivação do porque escreveu, não contextualizando perfeita e historicamente a época em que foi escrito o texto, criada a teoria, os motivos que se escondiam por trás de cada coisa, suas causas ou razões que qualquer escrito, a leitura de um conto, romance, crônica, resenha ou qualquer outro gênero escrito, digo que terá sido um mero exercício para passar o tempo, mas não se conheceu nem a obra e nem o autor. No máximo, pode se ter assimilado alguma coisa da leitura, mas nunca vai poder dizer que leu o livro A ou B porque desconhecerá completamente motivações que o levaram a fazê-lo.

Tudo é verdadeiro no mundo de qualquer escritor, por mais que ele transforme seus escritos em obra de ficção, mesmo assim, restará sempre algo a ser clarificado por trás do que for escrito. Com relação á qualquer teoria histórica, sem embasamento em uma contextualização da época social ou política de suas origens, pouco se saberá como ou porque se seu deu a transformação da teoria. Isso vale para todo tipo de ensino, inclusive a mudança da teoria teocêntrica em heliocêntrica, só para citar um exemplo. Tudo tem uma razão, uma origem, uma motivação ideológica, enfim, que direcionaram um texto, crônica ou romance, mesmo que de ficção. O autor sempre escreve para esconder ou clarificar um problema que passa, vive ou viveu, porque, mesmo de forma inconsciente, passará para seus textos um pouco do que ele é. Em qualquer momento da história, a vida muda, as teorias mudam e a forma de escrever também.

Esses ensinamentos passava aos meus alunos na faculdade de Serviço Social, antes de me afastar do trabalho em 2006 e nunca mais voltar porque fui aposentado por invalidez. Dizia a eles que todo bom livro se pode conhecer apenas lendo a apresentação, o índice e lendo as orelhas da obra. Se poder, conheça um pouco outras obras do autor e um pouco de sua biografia se for possível. Ainda vale para hoje, para agora, para todos os professores realmente compromissados com a Educação, porque não existe professor e não pode existir aluno sem professor – embora essa realidade seja quase uma exceção e não uma regra.

Escrevi e publiquei alguns livros despretensiosos.

Em alguns deles, escrevi uma ou outra crônica que se eternizaram pelas suas atemporalidades, como “O Dia em que a terra parou”, sobre o filme do mesmo nome, narrando a falta de luz no bairro da Betânia, em que morei até meu casamento aos 22 anos. Porém, mas não recordo se publiquei essa crônica em que ou se foi publicada apenas no jornal A NOTÍCIA. Essa crônica até hoje citada em alguns livros em que me faço presente mais pela bondade de seus autores do que por merecimento. O texto narra a falta de luz no bairro, no exato momento em que a pousava na terra e o alienígena começava a sair de dentro dela. Faltou a luz e todos os meninos correram para rua olhando para o céu, procurando ver a tal nave espacial.

Na época da Censura Militar, ironizei no conto “O Assalto”, narrando um fato hipotético em uma loja localizada em Manaus, no qual o proprietário exigiu até a identidade sindical do assaltante porque dizia que os “únicos ladrões que conheço são os fiscais da RF, INPS (atual INSS), Sefaz e todos se identificavam com suas carteiras de identificação funcional, além de outros que não tem a cara de pau de vir aqui pessoalmente como você teve, mas mandavam boletos de cobrança de impostos e tributos todos os meses”. No final do assalto, pela sua “honestidade”, o ladrão foi convidado a virar sócio da loja. Com esse conto, ganhei um prêmio na cidade de Paranavaí, no Estado do Paraná, no início da década de 80.

Mais recentemente, em 2006, sobressaiu a crônica A MINHA AMANTE, incluída no livro “Crônicas comprometidas com a tua vida”, magnificamente apresentado pela também escritora, cronista e poetisa, prof. Ierecê Barbosa, que escrevi para uma máquina de escrever Olivetti, línea 98. Mas tudo que estou narrando aqui é porque vivo uma nova fase de minha vida e desejo que as pessoas entendam o que escrevo e porque escrevo para que um dia, eu possa ser entendido em minha época, com as dificuldades que a vida me ofereceu, mas que transformei todos meus amargos limões em uma gostosa limonada.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 04/04/2014
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