Frenesi II

Imóvel no tempo, distraidamente com os pensamentos imersos e distantes, ainda sentindo a essência pairando no ar, do seu veneno que senti sair dos meus poros, desintoxicando meus sentidos, minha visão do mundo, dos seus olhos e sua voz que me direcionava hipnoticamente por todos os caminhos e desertos tempestuosos ou brandos.

Sinto a calmaria novamente e a figura no espelho está nítida a cada amanhecer. Não poderei permitir que a força imaginária que vem da sua direção ataque o meu calcanhar, levando os meus pedaços gradativamente, dissipando minha identidade no ar, e sob o efeito frenesi, despertar nos meus antigos jardins negros, vazia e acompanhada de solidões.

E nesse caminho amargo, mãos aquecidas estenderam-se pra mim, trazendo suavidades para os meus dias sem ti. Foi meu diário e se camuflou entre vários papéis, e sua canção me fez permanecer, enquanto a dor se afastava, juntamente com a imagem da sua face, que me assombrava quando as minhas pálpebras se fechavam.

Lamento ter seu rosto distorcido, entre as paisagens que tomam sua forma verdadeira, mas minha sanidade permanece aqui, marcada com pregos do passado. Quando cheguei ao final do labirinto, tomei a tão almejada dose de amnésia, e o efeito corre por minhas veias, enquanto o livro vai chegando ao fim, com as páginas correndo em desespero, para a leitura de um novo.

Lu Veríssimo Art
Enviado por Lu Veríssimo Art em 03/04/2014
Código do texto: T4754986
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