Lenços de papel

Noite das garotas!Era como elas definiam as noites de quinta-feira. Jéssica, Raquel, Cíntia, Sandra e Gabriela desde os tempos do colégio se reuniam todas quintas feiras, aquilo era sagrado.

Quinta-feira era dia de deixar os maridos com os filhos, as pilhas de trabalho em casa, o namorado sozinho... Quinta-feira era delas, hora de rir, desabafar, brincar, beber, extravasar!

Hoje o assunto era Sandra que havia rompido com o namorado e se debulhava em lágrimas enquanto as outras quatro tentavam consolá-la com frases prontas e muitos clichês.

Nada adiantava a não ser quando Sandra começou a beber, aí o choro virou riso. E as línguas ferinas destilaram seus venenos. Celso era a vítima, claro ele abandonou a pobre Sandra... Agora ele era o vilão da vez. Então todos os defeitos eram jogados na mesa entre uma tequila, uma vodka, um gim...

O pobre foi eleito o pior ser humano da terra entre risadas e mais risadas. Até que Sandra se levantou derrubando alguns copos e disse pra quem quisesse ouvir naquele bar:

- Lenço de papel...

As amigas não entenderam muito bem aquilo. Jéssica foi logo tirando um lenço de papel da bolsa e entregando pra amiga.

- Não quero lenço de papel não...

E jogou ele no chão, parou e ficou estática e pensativa, depois sacudiu a cabeça como se acordasse e saiu cambaleando atrás do lenço que agora era uma bola e quase engatinhando voltou com ele na mão dando gargalhadas.

- Lenço de papel gente! Olhem aqui...

E ela sacudia o lenço e continuava a falar:

- Homem tinha que ser como lenço de papel... Macio, fofo...

E passava o lenço no rosto.

- ... Resistente, forte...

E puxava o lenço com as duas mãos.

- E DESCARTÁVEL.

Disse gritando e jogando o lenço longe.