Do outro lado da montanha! I

Logo que cheguei pra morar do lado de cá da montanha reparei que nas tardes mais frias todo o topo ia escurecendo e aos poucos a noite ia caindo bem lentamente e quando menos espera já estava um breu.

Era lindo ver todo o sítio em que morava iluminado pelos vagalumes. Sentia a sensação de estar passeando no céu e as estrelas eram cadentes porque mudavam de lugar.

Os vagalumes volitavam como borboletas iluminadas. Então tinha a sensação de ser um nativo que ali estava para observar aquele espaço tão inusitado.

A montanha me chamava muito atenção, parecia que havia alguma coisa do outro lado e que não sabia o quê mas despertava em mim a vontade de conhecer.

Ao acordar pela manhã observava da minha varanda a silhueta do Maciço da Pedra Branca. Um gigante majestoso a contornar quase que toda zona oeste do Rio de Janeiro.

Na minha varanda tanto pela manhã quanto à tarde e a noite a cena se descortina como se a natureza exuberante quisesse mostrar-se toda por inteiro. Assim como uma mulher que se desnuda aos poucos num capricho só feminino.

E nesses dias de outono a montanha alegre ecoa um som tímido que vem das cachoeiras borboletando da nascente. Tudo vive! Tudo também é meio mágico.

A voz ecoa do outro lado da montanha como se tambores rugissem das tribos distantes emitindo mensagens secretas:" Olá! Olá!

Você que está acolá!" daqui a outra tribo também responde:" Olá! Olá!

Que desejas e o que posso dar?