A Dança dos Mortos
A Terra está em guerra. O mundo é o campo de batalha. Um contra todos, e um contra um. Não há mais espaço para a paz. O sabor da destruição e do poder é um manjar dos deuses. Apenas o sangue sacia essa fome, que antes devora alma, coração, espírito.
Milhares morreram nessa guerra de poder. Na verdade, estamos todos mortos. Respiramos, andamos, falamos, mas estamos mortos. E quantos por mim lamentaram? Ninguém, pois estavam todos mortos.
Ó vida salgada, quanto de seu sal são lágrimas que derramei enquanto sentia minha vida escorrer por entre meus dedos pálidos e rijos? Ou talvez sejam as lágrimas daqueles que partiram antes de mim, agonizando e festejando. Sair dessa vida cega e surda é o melhor a se fazer em tempos de tormenta.
Mas é da tormenta que surge a vida. Os mortos renascerão, saindo de suas covas, cavadas fundas na terra, o campo de batalha. Agora, tudo mudou. As armas são outras, brancas e não vermelhas. O poder é outro, a voz e não a mão. Os renascidos surgirão com uma nova dança. E a coreografia todos conhecerão.