O Dia da Verdade
Existem jornalistas brasileiros que, certamente a soldo do interesse internacional, trabalham diariamente na desqualificação política de países como Venezuela, Argentina, Peru e outros da América Latina. Temerosos de que o Brasil esteja sendo forçado ao alinhamento com esses países pelas atuais autoridades.
Talvez preferissem ver o nosso país definitivamente “alinhado” ao de maior poderio bélico do planeta – como Porto Rico, por exemplo, que se tornou uma dependência americana.
No entanto, muitos foram os que morreram sob tortura para que isso não acontecesse (embora não estejamos ainda totalmente livres desse perigo). O que é uma verdade, também reconhecida por esses jornalistas, a ser comemorada no dia de hoje – o dia da mentira.
Sem dúvida, vivemos atualmente uma escalada de atos de corrupção sem precedentes. Mas podemos falar abertamente na necessidade de que seus autores sejam punidos. Como também podemos falar na necessidade de que sejam igualmente punidos os autores dos crimes do arbítrio perpetrados a partir de 31/03/1964. Coisa em que, durante a vigência do regime militar, não permitiam que falássemos.
A corrupção é de certa forma um mal endêmico no país. Vem desde muito antes do Golpe de 64. E certamente se alastrou bastante durante a ditadura, época em que não era possível qualquer tipo de cobrança das autoridades. O que possivelmente ensejou os absurdos níveis de corrupção de hoje. Como diria Brizola, mais “um filhote da ditadura”.
Não podemos nos esquecer de que a economia indexada é uma das criações do regime militar. Ao invés de se ganhar dinheiro com a produção, ganhava-se com a especulação. Através, por exemplo, da correção monetária. Quando o dólar subia, subia tudo. O Plano Real mudou essa realidade.
Existem jornalistas em nosso país que sabem de tudo isso com muito mais detalhes do que nós. Mas que insistem em ressuscitar o fantasma do comunismo com a intenção de que, amedrontados, possamos sentir saudade do tempo em que o cidadão não possuía direitos civis algum.
A democracia que vivemos não é a que queremos. Mas é melhor que não termos nenhuma.
Rio, 01/04/2014