Deixemos para a última hora
Ainda em fevereiro do ano passado – há mais de um ano! – começou uma campanha do TRE para que os eleitores do Distrito Federal fizessem o seu recadastramento biométrico. Os anúncios no rádio e na televisão eram bastante ameaçadores e insinuavam terríveis consequências para aqueles que não fizessem. Também recomendavam que, para evitar as filas, ninguém deixasse para a última hora. Mas não avisavam quando seria essa última hora, certamente para que o sujeito achasse que o prazo estava acabando e corresse para o posto de atendimento mais próximo. Mesmo assim, eu demorei até resolver fazer o meu. Mas ainda fiz muito tempo antes do prazo final, que foi ontem.
Tivesse deixado para fazer em cima da hora, eu teria a comodidade de me recadastrar pertinho do meu trabalho, pois um posto do TRE foi aberto especialmente para facilitar a vida de quem estava atrasado. Como levei a sério as advertências da campanha, eu já havia me deslocado de ônibus até um cartório e lá sacrificado o meu horário de almoço. Energia desnecessária, bem se vê. Eu poderia muito bem ter deixado para o último final de semana, quando foram feitos plantões e horários especiais, tudo para que aqueles que tiveram 13 meses para se recadastrar não fiquem de fora.
Talvez fosse o caso até de deixar passar o prazo, porque, quando todos pensam que ele terminou e que quem não fez a tempo perderá o título, o TRE avisa que é primeiro de abril e que dará uma nova chance aos atrasados dali a duas semanas. Mas nem se pense que não haverá punição para estes, pois durante 14 longos dias ficarão impedidos de tirar passaporte ou prestar concurso público. Após esse período de provação, podem regularizar a situação como qualquer outro eleitor normal.
Porque todos sabem que não dá para ser assim tão rigoroso com esse negócio de prazos. Não faz parte da nossa cultura. E no fim tudo dá certo mesmo, e se não deu é porque ainda não é o fim. Deixemos para a última hora e simplesmente confiemos.