A Gaiola das Palavras

"Ahh... a palavra ou liberta ou vulgariza o despertar. Há pessoas que encantam as outras com palavras e há outras que aprisionam."

Canção Indígena

A Gaiola das Palavras

Sossega as asas passarinho, fecha o bico gavião; para entrar nesse reino é preciso olhos de coruja e pernas finas de flamingo, pois é preciso pisar devagarinho e calar a opinião ao treinar o observar dos tantos caminhos que nos levam as outras dimensões.

Há outras sensações, por isso deixe aflorar os seus sentidos e você vai perceber, passarinho, que começam a surgir outros caminhos para ampliar a sua percepção.

Dai a importância, Gavião, em domar o seu bico para não tentar aprisionar com ganância, essas novas velhas sensações na gaiola das suas palavras cheias de lógica e razões. Sim, novas velhas sensações, pois junto com os outros sentidos, você sentirá também, uma certa familiaridade típica de quem volta ao ninho depois de muito bater asas por outros mundos e junto a tudo isso, há um reencontro com aves antigas e muito amigas que sempre torceram pelo seu retorno.

Nessa festa de retorno, a alegria será tanta que você sentirá uma ânsia de ficar por lá, porém, se você lembrar do tamanho das suas pernas, Flamingo, entenderá que é preciso bater asas e voltar pelo caminho que o trouxe até ali; e se der uma vontade de carregar algo de lá para cá, Coruja, lembra que a licença para

testemunhar só incluía o seu observar.

Contudo, cara Coruja-Flamingo, se você tiver contido a ansiedade do seu passarinho e o tagarelar do seu gavião, vai perceber que ao retornar, voará do seu coração, um beija-flor querendo compartilhar todas as belas sensações do despertar, sensações eternizadas no carinho das outras dimensões que as palavras não conseguem aprisionar.